Vivemos tempos surreais, amigos leitores. Uma crise econômica atinge o
mundo e governos federais, estaduais e municipais, responsáveis por inúmeros
desvios, regalias, irresponsabilidades fiscais, má administrações e
consequentes maus usos do dinheiro público, ao invés de se responsabilizarem
por suas incompetências, preferem acusar quem rala a vida inteira, tentando
manter tudo em ordem apesar dos pesares: os governantes, ao invés de fazerem
uma autoanálise e praticarem uma administração realmente mais enxuta e viável,
preferem demonizar os mais pobres e os funcionários públicos. Uma prova disso é
a PEC 241, que congela os investimentos em saúde e educação previstos na
Constituição, atingindo diretamente o funcionalismo público e as camadas sociais
mais pobres que mais utilizam esses serviços. Estive há pouco tempo num dos
inúmeros atos realizados contra essa proposta de emenda constitucional, cujo vídeo está postado nesta postagem logo abaixo:
E aí que vem a primeira constatação da situação surreal na qual
vivemos: atualmente precisamos fazer protestos não a favor de aumento de
investimentos em setores já precarizados pelas más administrações públicas, mas
para impedirmos cortes mais profundos em áreas já carentes de investimentos! E
o mais louco de tudo isso: há um grande número de pessoas que apoiam tais
medidas que claramente pregam a ampliação da desigualdade social no país – ou seja,
alguns concordam que quem deve pagar a conta é quem não tem dinheiro e já tem
milhares de contas pra pagar! Enquanto isso, propostas de lei e emendas (como a
PEC 280, que diminui pra metade o número de deputados e senadores, fazendo um
corte expressivo de despesas e dando fim a inúmeros privilegiados com altas
regalias, ou o imposto sobre grandes fortunas) nem são cogitados pelos nossos ‘representantes’
no Executivo e no Legislativo! Ou seja, quem sempre endividou o país e auxiliou
bastante para que nós afundássemos nessa crise são os responsáveis pelas
decisões que cortam benefícios daqueles que vivem na corda bamba, tentando
sobreviver e minimizar os estragos desse grave período, e ainda tem popular que
aplaude!!! Meu Deus, não precisamos ser da direita, do centro ou da esquerda
para sermos contra, basta colocarmos a cabeça pra pensar para percebermos que
há algo muito sujo e errado em tais manobras políticas!
Em Teresópolis/RJ, a situação é cada vez pior: além de os funcionários
não terem recebido até hoje as horas extras trabalhadas em dezembro do ano
passado, estarmos com os salários defasados e não estarmos recebendo os
benefícios do plano de saúde e do vale alimentação desde junho do ano passado,
o prefeito reeleito Mário Tricano ainda enviou um projeto de lei para a Câmara
pedindo votação em caráter de urgência com a proposta de acabar com os últimos
benefícios citados, que ele há tempos não paga, apesar de termos ganhado o
processo que restitui tais direitos! Segundo o prefeito, os cortes têm a tarefa
de manter a estrutura pública “eficaz e enxuta”, mas sua administração possui
24 Secretarias Municipais [!], com um evidente inchaço de cargos comissionados,
sendo que salário mensal de um secretário é de R$ 13.118,31 e o de subsecretário
é de R$ 5.401,56! Segundo o consultor
municipal Roberto Tauil, no site http://www.consultormunicipal.adv.br/, existem
13 Secretarias [podendo chegar a 15] que são vitais ao funcionamento de uma
Prefeitura. Segundo Tauil, as prefeituras, “em muitos casos, criam Secretarias
com o único propósito de dar emprego aos correligionários políticos, abrindo
espaço para cumprir as promessas de campanha.” Ou seja, mais uma vez, as contas
da crise vão para as costas do servidor público, demonizado por um
administrador que sustenta inadequadamente diversos parasitas na folha de
pagamento da Prefeitura. E, mais uma vez, tem alguns aplaudem suas insustentáveis
medidas! E os trabalhadores municipais, outrora lutando por salários e
condições mais dignas de trabalhos (abaixo vão: um poema escrito por mim e 2 paródias
também escritas por mim e transformadas em música e interpretadas por Thais
Fernandes [as paródias podem ser baixadas no soundcloud], que usamos em protestos
anteriores e que refletem a difícil situação financeira do funcionário público
no município), agora têm que voltar pra rua para lutar contra a aprovação de
uma proposta que acaba com os benefícios do vale refeição no valor de R$ 100 e do
plano de saúde dos servidores públicos, que nem estamos recebendo, apesar de
termos direito!!! É vergonhosamente surreal, surreal e criminosa demais essa
situação, amigos leitores: amanhã, terça-feira (25), às 10h, a Câmara de
Vereadores de Teresópolis/RJ pode aprovar um projeto de lei que, ao invés de
conceder, retira ainda mais benefícios do funcionário público, direitos que,
repito, há tempos nem recebemos (sendo que a proposta quase foi votada na
surdina, na quinta-feira, dia 20/10 – a votação só foi impedida porque 1 [sim,
apenas 1 vereador] pediu vistas e adiou por 5 dias a possibilidade de aprovação
do criminoso projeto)!!! Mas vamos lutar até fim: estaremos na rua amanhã,
terça-feira, dia 25/10, às 10h, tentando impedir mais esse absurdo projeto de
lei que mais uma vez atira as contas do caos administrativo, provocado pelos
próprios governantes, nos ombros daqueles que realmente trabalham para superar
esse difícil momento de crise econômica. Até quando vamos aturar que os
privilegiados atirem suas dívidas sobre nós, amigos leitores?
Protesto contra os contistas da carochinha
(Grávido de administrações falidas)
Os Três Porquinhos, os Três Poderes
me engravidaram
de todas as suas desgraças
e agora era uma vez os meus sonhos,
o meu salário;
meu direito às melhores condições de vida
virou conto de fadas,
sou funcionário público de administrações adormecidas
que só me debitam dívidas
e mais nada.
9 meses sem aumento real,
9 meses cada vez mais desigual,
9 meses e nem mais um real,
sou o plebeu grávido
do novo sistema público feudal.
E agora eu cobro um pai
ou dessa estúpida gravidez
faço uma greve,
e agora eu cobro um pai
que pare com tamanha desfaçatez
e me pague o que deve.
Vou acordar o gigante adormecido
antes que os vilões de corações anões inventem um novo mito.
Vou chamar o povo, pois não adianta lutar sozinho
contra todos esses dragões que só sabem queimar nosso município.
Se querem inventar contos da carochinha,
desejo um final digno de herói e
protagonista,
quero ter de volta meus direitos, quero ressuscitar minha vida!
Esperança
( Paródia da canção "Asa Branca", de Luiz Gonzaga)
Quanda a gente pede aumento
Mais respeito à educação
Eles prometem Deus e o céu, ai
Mas que tamanha embromação
O reajuste não chegou
Cadê o plano de saúde?
Por crise brava, perdi salário
Cadê o vale alimentação?
Até mesmo a esperança
Morreu nas garras do patrão
Nação em crise, adeus medidas
Que valorizam a educação
Três poderes fazem festas
Numa triste união
Espero a grana sair de novo
Para eu contar com a educação
Quando vejo é mais um rombo
Não tem mesmo salvação
Mas te asseguro, não chores, não, viu?
Que eu cobrarei a solução
É preciso lutar pra ter
(Paródia de "É preciso saber viver", de Roberto & Erasmo
Carlos)
Quem espera que a dívida
Seja paga por patrão
Pode até levar um susto
Ou viver sem um tostão
É preciso ter cuidado
Pra mais tarde não sofrer
É preciso lutar pra ter
Toda perda no caminho
Você pode resgatar
Trabalhador que luta unido
Não se pode arrasar
Reajuste real existe
Você pode recorrer
É preciso lutar pra ter
É preciso lutar pra ter
É preciso lutar pra ter
É preciso lutar pra ter
Lutar pra ter, Terêee