Sei que andei ‘offline” para o blog durante bastante tempo e mal
voltei e ainda tenho mil compromissos no mundo fora da realidade virtual, fato
que faz as postagens saírem um tanto espaçadas, com intervalos de tempo acima
dos que eu dava outrora. Sei também que, durante esse período fora da esfera
virtual, por mais tolo que seja, esperei que o mundo real diminuísse seus atos
de violência e intolerância. Utopia fatalmente derrubada, ingenuidade perdida,
sangue de inocentes banham nossos olhos fatigados pela rotina árdua de trabalho:
há um mês atrás (ou seja, no dia 12 de junho de 2016), um atirador atacou boate
voltada ao público LGBT, em Orlando, nos EUA, e matou 50 pessoas que aproveitam
seus raros momentos de lazer num domingo que deveria ser de festa, amor e paz.
O
número de mortos faz do ato o pior ataque a tiros da história dos Estados
Unidos. O segundo pior ataque viria na internet, com apoio de internautas
brasileiros: alguns tentando tratar o ato como se não fosse uma prova letal da
intolerância com o público LGBT, outros minimizando a tragédia apontando outros
atos de violência, outros ainda mantendo a ideia absurdo da legalização do
porte de armas mesmo após o violento ataque, em resumo, uma porrada de
internautas babacas tentando esconder os corpos e escondendo a intolerância no
armário podre de seus espíritos de porcos.
Não podemos esquecer esse ataque sangrento de intolerância, não podemos
esquecer que Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros
ainda são os principais alvos de violência e intolerância, não podemos esquecer
que, enquanto escrevo que não podemos esquecer, muitas pessoas que optam por
orientações sexuais consideradas não convencionais para a ‘família tradicional
brasileira’ estão sofrendo algum tipo de violência e intolerância, não podemos
esquecer que todos temos o direito, a liberdade de escolher nossa orientação
sexual e não deve sofrer nenhum tipo de opressão por causa disso, não podemos
esquecer o momento trágico em que vivemos, amigos leitores, não podemos
esquecer para que tais ataques não se repitam jamais, sei que é dolorido demais
acordar pra tanta tragédia e encarar a violenta realidade, mas é preciso
lembrar, porque se o dito popular insiste que errar é um ato humano, insistir
nos mesmos erros pela preservação de tradições evidentemente fraudadas e
falidas é de uma desumanidade terrível. Por isso, mesmo após ter passado um mês
do sangrento ataque de intolerância em Orlando, o blog ainda lembra e traz,
nesta postagem, um fodástico poema do professor-poetatletamigo Genaldo Lial da
Silva, escrito, segundo as palavras do próprio autor, “em homenagem às 50
vítimas do atentado terrorista em uma boate gay dos E.U.A., que morreram por
falta de tolerância e amor ao próximo em junho deste ano”.
Um minuto de silêncio, uma eternidade pra lembrar, um poema para ler,
pensar e tentar buscar o esquecido respeito, a violentada e ainda mais
necessária paz.
INTOLERÂNCIA
Se em nós carregamos indiferença
Que a transformemos em acolhida
Se não respeitamos o que o outro pensa
Que nossa opinião seja esquecida
Se nos agarramos aos preconceitos
Agredimos ao próximo conscientemente
E não enxergamos os nossos defeitos
Que estão aqui bem a nossa frente
Cultivar o maldito ódio interno
Alimenta o cerne da maldade
Aproxima-nos da escuridão do inferno
E deprecia a beleza da humanidade
Somos reprodutores de vida
Das terras do sul às do norte
Não apertemos o gatilho suicida
Pra não disseminarmos a morte.
Genaldo Lial da Silva
A intolerância é o grande mal do mundo atual. Parabéns.
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