É, camaradas leitores, o tempo passa aceleradamente
e a cada dia a correria pela sobrevivência parece crescer, tomando quase todo
intervalo de minha vida (fim de bimestre então o tempo passa como um sopro), o
que tem feito eu me distanciar cada vez mais do blog (já pensei até em alterar
seu nome para ‘Raros Intervalos de Solidões Coletivas’). Mas hoje, Dia da
Árvore, fui tomado por uma belíssima lembrança: quando eu lecionava para os
alunos do nono ano da E.M. Nadir Veiga, em Teresópolis/RJ, em 2010 (o último
ano antes das trágicas chuvas que arrasaram a escola) , inscrevi um poema de
minha autoria (“Ensaio sobre a cegueira das árvores”, já publicado aqui nas
primeiras postagens do blog) e outros dos artistalunos daqueles memoráveis
nonos anos no 4.º Concurso de Poesias do Espaço Cultural São Pedro da Serra, em
Nova Friburgo/RJ, cujo tema era “Árvore”.
E o resultado não poderia ter sido mais fodástico:
conquistei o primeiro lugar na Categoria Adulto e as poetalunas Vanessa
Cristina Silva dos Santos e Mirtes Fernandes Andrade conquistaram, respectivamente,
o terceiro e o primeiríssimo lugar na Categoria 13 a 15 anos (por sinal, até
hoje considero o poema de Mirtes muito mais fodástico que o meu – dá aquela
inveja boa do tipo “queria ter escrito esse poema”).
Cinco anos depois, trago de volta do túnel os dois
fodásticos poemas das duas fodásticas ex-poetalunas – elas já vivem as
atribulações da fase adulta, mas seus poemas vivem a eterna primavera juvenil
da eternidade. Também trago a animação inspirada no poema vencedor de Mirtes
Fernandes, produzida pelo professor-artistamigo Max Vitor Sarzedas.
Que árvores contemplem a possibilidade da vida
eterna assim como os fodásticos poemas de Vanessa Cristina Silva dos Santos e
de Mirtes Fernandes Andrade!
Liberdade
Já lutei comigo mesma
pra dizer que isso é normal,
mas não consigo me acostumar
com tudo que fazem contra mim,
não consigo me acostumar
com os meus galhos cortados
e com a lenha
que retiram de mim
só pra produzirem
uma coisa chamada dinheiro.
Nunca pedi nada demais para eles,
só pedi minha liberdade,
liberdade para crescer,
liberdade para sentir
o sol, a chuva e o vento,
liberdade para sentir
o que as que antes de mim sentiram,
liberdade para viver,
liberdade para ser
o que sou desde que nasci,
liberdade para ser uma
Árvore.
Vanessa Cristina Silva dos Santos, poetaluna do nono
ano da E. M. Nadir Veiga Castanheira em 2010 - 3.º Lugar no 4.º Concurso de
Poesias do Espaço Cultural São Pedro da Serra, em Nova Friburgo/RJ - Categoria:
13 a 15 anos - Tema: Árvore
O nascer de uma árvore
Do broto
Vi nascer
E a árvore
Aparecer.
De sua raiz
Vi surgir
E o tronco
A lhe engolir.
Do tronco
Vi as folhas aparecendo
E seus frutos
Pássaros comendo.
Do fruto,
Uma bela fruta
Que cai despedaçando-se
No chão.
De seu caroço
Um novo broto
Para novamente
Surgir do chão
Aquela, a Árvore Inspiração.
Mirtes Fernandes Andrade, poetaluna do nono ano da
E. M. Nadir Veiga Castanheira em 2010 - 1.º
Lugar no 4.º Concurso de Poesias do Espaço Cultural São Pedro da Serra, em Nova
Friburgo/RJ - Categoria: 13 a 15 anos - Tema: Árvore
Muito bom os dois poemas, cheios de talento. Parabéns pelo resultado!
ResponderExcluirAbraços
perplife.blogspot.com