Mal 2017 começou e nosso 'querido' governo federal já começa suas
campanhas publicitárias de chacota nacional. Com o slogan "Gente boa
também mata" para 'propagandas' de prevenção aos acidentes de trânsito, o
'Governo' Temer patrocina cartazes sugerindo que pessoas que resgatam cachorros
na rua ou que plantam árvores na rua também matam porque podem usar o celular
em momentos indevidos (que eu saiba os que mais usam celulares quando dirigem
são aqueles que atendem a pedidos de clientes e/ou tentam conciliar, de forma
workaholic, o trabalho frenético com as necessidades familiares e, em ambos os
casos, o número de gente boa que gasta um pouco de seu tempo constantemente esgotado
em atividades filantrópicas é bem menor quanto os de que se consideram sem
tempo para atitudes altruístas - tem gente boa que faz isso sim e comete
infrações no trânsito, mas por que especificar de forma tão peculiar?),
sugerindo que pessoas que fazem a alegria das crianças também matam porque
podem beber antes de dirigir e atropelar alguém (tem, é claro, gente boa que é
baladeira, mas de onde tiraram tanto mau gosto para especificar quais são os
que bebem em horas indevidas?), sugerindo que o bom aluno também pode matar por
exceder a velocidade para chegar logo na instituição de ensino (que eu saiba os
mais apressados são aqueles com reuniões marcadas em tempos impossíveis de se
cumprir, etc, muitas vezes o bom aluno tá se matando num ônibus lotado cujo motorista
anda acelerado para cumprir um horário mal calculado por ambiciosos
empresários; o bom aluno também pode ter carro e atropelar alguém, mas, mais
uma vez pergunto, de onde saiu tanto mau gosto para se especificar assim quem
excede a velocidade e quem desobedece as leis de trânsito?) e as gafes
publicitárias da nova propaganda federal de prevenção aos acidentes de trânsito
seguem esse rumo atropelado, como bem diz o site humorístico Sensacionalista,
podendo matar o brasileiro de vergonha.
Em (des)homenagem às 'propagandas' de prevenção aos acidentes de
trânsito do 'Governo' Temer, trago aqui o meu poema-campanha-publicitária
"Propaganda Ruim também mata (nem que seja de vergonha)".
Propaganda Ruim também mata
(nem que seja de vergonha)
Ex-candidatos perdedores
que buscam boquinhas
em governos populistas vencedores
também matam.
Futuros candidatos, apoiadores
da xenofobia, do preconceito à minoria
e dos reformados militares torturadores,
também matam.
Administradores cheios de credores,
fãs dos atrasos de salários aos seus funcionários
e dos golpes políticos nos bastidores,
também matam.
Puxa-sacos de exploradores
que usam suas influências
para provocarem terrores
também matam.
Para ganharem uma vantagem,
eles excedem velocidades,
eles podem te atropelar.
Pelo retrocesso dos valores,
eles perdem o controle,
eles podem te pegar.
Pela alta da bolsa de valores,
eles envenenam os motores,
eles podem fazer tua família chorar.
Para trocar a vida do outro por sua dívida egoísta
ou pelo crédito para a compra do mais moderno celular,
eles sempre podem te matar.
Numa propaganda mal formulada,
pode ser certo fazer a coisa errada.
Espalhada por gente bem de vida,
a maldade pode ser bonita,
nos ilude à primeira vista,
mas esconde a verdade maldita:
na busca cega pela máquina selvagem capitalista,
todo defensor ferrenho da tradicional família
também pode te matar.