Há alguns meses atrás, o aluno Charles Botelho, do
7.º Ano da Escola Municipal Alcino Francisco da Silva, da região rural de
Teresópolis/RJ, me procurou numa tarde em que eu me encontrava na escola,
produzindo os vídeos do Luz, Câmera...Alcino! Sabendo, por intermédio da
bibliotecária Emidiã Fernandes, que eu era poeta com livros publicados e
administrador de um blog, Charles me entregou um dos poemas escritos por seu
pai Dézio Botelho – um poema fodasticamente maravilhoso por sinal.
Queria parabenizar o autor de tal obra-prima, mas
Charles, logo depois, me contou que seu pai havia falecido há um tempo, mas que
deixara um extenso acervo de poemas de sua autoria, até o momento completamente
desconhecidos pelo público. Sabendo disso, ofereci o espaço do blog para a
publicação e divulgação de alguns desses fodásticos poemas do já eterno Dézio
Botelho. Hoje trago o poema “Tua partida”, com o qual Charles primeiramente
presenteou meus olhos com o lirismo fascinante de seu pai Dézio Botelho.
Que o silêncio mortal da partida de Dézio Botelho
se transforme agora em silêncio de apreciação, desejo de eternidade para as obras
líricas do pai de Charles Botelho.
Tua partida
(Dézio Botelho)
Depois que tu partiste
Tudo pra mim mudou,
Até meu sorriso lindo
Deixou de ter amor.
A roupa que eu vestia
Com o tempo
desbotou,
Talvez tenha sido saudades
De tudo que passou.
Meus calçados me machucam,
Parecem que querem vingar-se
Pois pensam que sou culpado
De nós dois nos separarmos.
Meus cabelos que eram negros,
Como a noite sem luar,
De repente ficaram brancos
Como se estivessem a nevar.
Meus olhos que eram verdes,
Castanhos passaram a ficar
E olham sempre pro caminho
Pensando que tu vais voltar.
Agora só tenho tristezas
E vontade de odiar,
Vontade de te esquecer
Para nunca mais te amar.