quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Meu Cão Andaluz Acorrentado no Estagnado-Escuro


Diante da (ir)realidade da situação da arte, atualmente sempre alvo de censura e de recurso de repressão à serviço de ordinários trampolins para mentes simplistas e políticos retrógrados, hoje posto meu poema-manifestação lírica inédito, uma elegia ao surrealismo desvairado e estranhamente bonito de Buñuel e de Dali, a cada dia mais e mais asfixiado por um outro ‘sul realismo’ ‘pós-amoderno’ torpe, filho querido dos hitléricos cidadãos do ‘bem’ da Divina Coerção.
Aviso: As imagens deste blog são apenas metafóricas - nem o filme "O cão andaluz", nem pinturas de Salvador Dali foram censuradas até o presente momento (pelo menos, não até o presente momento...); ao contrário, até há exposições do surrealismo de Dali agendadas no Brasil. Reafirmando: as imagens deste blog são apenas um exercício/brincadeira metafórica (é, nos dias atuais, tem que deixar tudo explicadinho. E ainda entendem/interpretam mal...).
Aos amigos leitores, também Dali enlutados com o estado ‘putrestupefato’ da arte diante de tanta pudica e fanática ‘velevadaviolentaperseguição’, eis meu “Cão Andaluz Acorrentado”:

Cão Andaluz Acorrentado

A nuvem negra que outrora cortara a lua cheia,
como navalha sobre olhos submissos e vazios,
agora encobre cabeças pequenas
em corpos ignorantes gigantes.

O Abaporu largou Tarsila do Amaral,
e abraçou o moralismo equivocado ultrapassado
de e por Lobato 
(remexem no túmulo os ossos imortais violentados).
O Abaporu xvidente virtual atira no espaço
bombas de gás moral:
“A lua está nua! Tarja preta no estado natural
de todo satélite arteficial!”

E a noite agora é apenas a nuvem negra de outrora
sem sua outrora surrealista glória
e o cão andaluz foi acorrentado como Prometeu
e  está sendo dilacerado todos os dias por corvos de Deus
no Cáucaso Divino Daquele que Dita a Dura Ditoso.
No lugar do animal lírico iluminado,
um vira-lata estagnado-nebuloso
gane pelo Estado em sítio com cercas,
para que vivam felizes e (i)lesos os carneiros de bem e as mães ovelhas
que zurram decência contra os pecados sem pecados do mundo.

Agora chamas procriam nas trevas dos cérebros infectos de estupidez:
“Queimem as pinturas vanguardistas, os filmes complexos, a poesia
e viva a tirania disfarçada
pela segurança acomodada da sordidez,
pela pusilanimidade disfarçada de sensatez.

Dali não há mais Dali (queimem quem ainda for Dali);
dali é lar do lá, do acolá, mais próximo do apocalíptico fim,
da nova reforma religiosa de Auschwitz:
a lógica ilógica venceu - glória a Deus! -;
a arte falece com cruzes fincadas
por vampiros assassinos caçadores de imaginários ateus.


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