quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Solidões Compartilhadas: Então... A poesia permanece viva nos amores líricos de Maria Eduarda Rodrigues


Apesar de ser um gênero textual pouco apreciado por pessoas que se consideram ‘muito adultas e realistas’ (num mundo infantilizado e surreal, como o atual, não considero classificar-se assim – embora o interlocutor considere o contrário - como algo muito maduro), o poema, renegado pelo universo galanteador de trabalhos forçados e defensor da ilusão de enriquecimento fácil, mantém seus palácios de cristais absolutos nos reinos dos leitores e escritores mais jovens. Com base na minha experiência de professor, o que consequentemente me permite que mantenha contato constante com o universo adolescente, tenho o privilégio de perceber que a poesia, tão rejeitada pelos mais rigorosos ostentadores da realidade opressiva, a poesia, essa coisa estranha e tão linda, que não deveríamos abandonar por mais ferina que seja nossa rotina, a poesia permanece viva, impávida, colossal, graças principalmente aos mais jovens, aos ainda capazes de sonhar e de acreditar. Um exemplo iluminado e singelo disso está nas solidões compartilhadas de hoje: num mundo constantemente agredido por discursos de ódios e imbecilidades ‘adultas’ governamentais, poetalunas brilhantes como Maria Eduarda Rodrigues conseguem sublimar a opressão diária e dedicar valiosos momentos de sua vida para dedicarem-se à (ainda, apesar dos pesares) maravilhosa arte da escrita poética, do rico cultivo do lirismo, para defenderem com ardor artístico a primazia do multifacetário sentimento chamado amor.
Trago hoje para os amigos leitores um dos maravilhosos poemas de amor de Maria Eduarda Rodrigues, artistaluna da Escola Municipal Alcino Francisco da Silva, da região rural de Teresópolis/RJ. O poema abaixo, intitulado “Então”, é de sua autoria e foi escrito e entregue a mim logo no início deste ano letivo (não, não valia ponto; é fruto da paixão lírica por escrever sem necessidade de retribuição, tendo como base a necessidade de expressar poeticamente suas reações diante desse sentimento confuso e ao mesmo tempo inebriante chamado amor).
Esta é a primeira de muitas solidões compartilhadas com esta escritora fantástica chamada Maria Eduarda Rodrigues (e rebeldemente autointitulada como ‘Poeta sem noção’). Abram os olhos e o coração e deixem a poesia e a emoção guiarem-nos, amigos leitores!

Então

Não sei como explicar o que sinto por você,
Não sei como dizer se é pra valer,
Não sei se gosta de mim,
Não sei nem o que fazer,
Não quero me magoar,
Nem fazê-lo sofrer.

Tô me envolvendo muito,
Sem medo de me prender.
Quero ver o seu sorriso,
Quero estar perto de você,
Quero poder ajudá-lo quando mais precisar,
Quero seu corpo abraçar,
Quero fazê-lo feliz de um jeito que nunca se viu.

Não gosto de deixar de ver você,
Não gosto de vê-lo perto de ninguém,
Sei que tenho ciúmes,
Mas só defendo o que chamo de meu...
Maria Eduarda Rodrigues



2 comentários:

  1. Poeta querido,

    Que belo poema você nos traz. Como é rica e lírica a adolescência dos sentimentos que se dão em qualquer idade. Como é intenso e genuíno o "Então" dado como início do que se quer dizer mas às vezes fica sem jeito de falar e depois que enche os pulmões de coragem, se revela. Então quero claramente expressar meu encanto pela defesa dos sentimentos e a liberdade que a poesia nos proporciona. O poema da Maria Eduarda sabe bem se colocar no mais alto da verdade pessoal, defende o que ama e cuida sensivelmente do que acrescenta também pulsão à vida. Adorei!

    Beijos!

    Raquel Leal

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  2. Versos adolescentes fluindo... apesar das pedras no caminho!

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