terça-feira, 16 de julho de 2019

Invernal 2019 (ou Dois Mil e Dezenove Abaixo de Zero)


Um poema gelado ardeu em minhas mãos entre a manhã e tarde deste dia invernal. Eis o poema:



Invernal 2019 (ou Dois Mil e Dezenove Abaixo de Zero)

Os raios de sol beijam meu rosto sonâmbulo
como dedos precocemente envelhecidos, mas ainda ardentes,
que buscam notas aflitas em um piano de cordas desgastadas.
Vagarosas e próximas, as nuvens recitam versos sombrios
para o fogo cansado do astro rei.
Tudo parece antigo e fúnebre neste inverno.
Por mais que o dia seja novo e quase morno,
ainda é neve, haverá neve, mesmo que a neve não exista.

Ainda música ao longe, mas onipotentes e onipresentes,
os ventos entoam “A cavalgada das Valquírias”, de Richard Wagner,
regidos por Ravel – vão do sussurro suavemente gritante
à ocupação docemente feroz de todos os vazios
que, mesmo preenchidos, não deixam de ser espaços vazios.
Folhas morenas, viúvas do outono, são arrastadas
para o labirinto de Valhalla
pela ópera nórdica dos ventos invernais,
como crianças judias
guiadas por nazistas
para a câmara de gás.
Hitler ressuscita no auge
no inverno de dois mil e dezenove.

Meu coração re esfriado
- quem dera fosse apenas gripe a causa da frígida tormenta –
aproveita a geleira onírica para criar bonecos de neve
que, mesmo parecendo humanos,
continuam sendo bonecos de neve.
Sinto muito por não sentir nada
além do frio cons cortante:
a garotinha que vendia fósforos
nas calçadas das fadas atropeladas,
mesmo com a licença federal renovada,
jaz desempregada e desamparada
nos serenos de Hans Christian Andersen.
Sem lágrimas de cristal,
nem iluminações tardias,
mesmo que os olhos fossem lanternas acesas,
ainda seriam luzes tímidas
no fim do túnel,
na estação das trevas.

Em breve, será nublado novamente,
pois o nublado, mesmo quando invisível,
tornou-se permanente.
Por mais que o dia flerte com a luz tropical,
a escuridão sempre chega
cada vez mais cedo
no inverno atual.



2 comentários:

  1. Poeta,
    Li seu poema com olhos descongelados por lágrimas mornas num vazio inverno das flores de outrora, pois para elas todos os dias eram bons pra florir. Sinto o efeito dos bonecos de neve que não ajudei a construir, mas me assombram. Não entendo a indiferença, o tanto faz. Nunca entendi, porque minha construção antiga não ruiu com o passar das governancias. E me apavoro diante desses inverno glacial. Não tenho fósforos, nem casacos, nem chama. Minha alma congelou. Só tenho as lágrimas mornas trazidas pela beleza do teu poema para me aquecerem.

    Beijos, Raquel Leal

    ResponderExcluir
  2. Meu nome é Lucy carvth Johnson , do Canadá, quero dizer ao mundo rapidamente que existe um verdadeiro feitiço on-line que é poderoso e genuíno. Seu nome é Drigbinovia. Recentemente, ajudou-me a reunir meu relacionamento com meu marido que me deixou. Quando entrei em contato com Drigbinovia. , ele lançou um feitiço de amor em mim, e meu marido, que disse que não tinha nada a ver comigo, me ligou e começou a implorar para eu voltar. Agora ele está de volta com tanto amor e cuidado. Hoje tenho o prazer de informar que este conjurador tem o poder de restaurar um relacionamento rompido. porque agora estou feliz com meu marido. Para quem lê este artigo e precisa de ajuda, Drigbinovia também pode oferecer qualquer tipo de ajuda, como curar todos os tipos de doenças, casos judiciais, períodos de gravidez, proteção espiritual e muito mais. Você pode contatá-lo através de seu e-mail doctorigbinovia93@gmail.com chamada ou adicioná-lo no WhatsApp com o seu número de telefone +2348144480786

    ResponderExcluir

Meu filho-poema selecionado na Copa do Mundo das Contradições: CarnaQatar

Dia de estreia da teoricamente favorita Seleção Brasileira Masculina de Futebol na Copa do Mundo 2022, no Qatar, e um Brasil, ainda fragiliz...