sexta-feira, 12 de abril de 2019

Lembrando a Folia Lírica deste Março Carnavalesco: Luz, Câmera...Alcino! apresenta Euridíce e Orfeu do Monte Alcino no carnaval da mitologia


É, eu sei, eu sei, vou chover no molhado: tem acontecido tanta coisa, tantos eventos, tanto trabalho, que apareço pouquíssimo nesse meu querido (e meio que mal atendido) espaço lírico virtual; e toda vez arrumo uma desculpas – ora é trabalho demais, acontecimentos demais, o tempo não para e segue frenético. E ontem, quinta-feira, dia 11/04, foi um dia desses: de manhã, o Luz, Câmera...Alcino! fez sua segunda apresentação (a peça "Monólogos de Dor e a Alegria do Circo Musical”, sobre a violência nas escolas e um pedido de paz e esperança, com o histórico encontro dos artistalunos dos nossos anos com o Pré II, da formidável professoramiga Patricia Ignácio – em breve no Youtube e no blog) e sarau à noite, com participação minha e das queridíssimas artistalunas Leticia Vieira e Maria Gabriela Luz na Oficina de Poesia e Criação, no SESC/Teresópolis. Tantos eventos já seriam mais uma óbvia desculpa pra declarar-me um caco e adiar meu retorno ao blog, mas hoje, diante de tantos eventos realizados, porém deixados pra trás no blog, ou seja, ainda não publicados aqui, resolvi fazer um sacrifício, lutar contra o cansaço e, finalmente, atualizar as postagens.
A postagem de hoje, como tantas outras que virão, já deveria ter sido publicada há tempos (atrasado, o mundo segue tão veloz que vivo em estado de permanente atraso, mesmo tentando me adiantar).
Mal o ano letivo tinha começado e já estávamos de volta às atividades líricas e cênicas. Na manhã de sexta-feira, dia 02/03/2019, o Grupo de Teatro da Escola Municipal Alcino Francisco da Silva, o Luz,Câmera...Alcino!, apresentou um novo esquete, chamado "Eurídice e Orfeu do Monte Alcino", versão carnavalesca alcinense do mito grego "Orfeu e Eurídice", dirigido e roteirizado por mim (com acréscimo do poema premiado "Uma causa", do jovem artistaluno Walace Rezende, do 9.º C) e interpretado por Juslaine Bepler (Oráculo), Vitória Fernandes (Orfeu), Isabelle (Eurídice), Julia (Hades), Cleyton Filgueiras (Cérbero), Ryan (vento da Desconfiança) e o quarteto de mênades que viraram musas por causa do carnaval Ana Julia Duarte, Maria Gabriela Ferreira, Maria Vitória Souza e Érica Ribeiro.
Foi um esquete histórico (desde 2011, não fazíamos um esquete de carnaval) e o primeiro de muitos de 2019.
Hoje trago ao blog o texto do esquete e o vídeo da nossa apresentação lírico teatral.
Boa leitura, bom divertimento e Arte Sempre!







Euridíce e Orfeu do Monte Alcino no carnaval da mitologia

Personagens:
ORÁCULO: Juslaine Bepler Soares
HADES: Julia de Caldas Marques
ORFEU: Vitória Fernandes da Silva Carvalho
EURÍDICE: Isabelle Mello Provadelli
CÉRBERO: Cleyton Filgueiras Arruda
VENTO DA DESCONFIANÇA: Ryan Garcia Portilho
MÊNADES: Ana Julia Duarte da Silva, Maria Gabriela Ferreira Luz, Maria Vitória Souza do Carmo e Érica Ribeiro Souza da Silva

ORÁCULO (ar solene, dirige-se ao público):
Sou o Oráculo do Monte Alcino Folia
E trago-lhes uma nova versão para uma história muito antiga.
É o mito de Orfeu e Eurídice, dois personagens da grega mitologia
Que hoje ganha novo enredo, nova melodia
Neste carnaval de arte e magia.

Sai Oráculo. Atrás dele, estava Hades congelado (como numa cena pausada), sentado no trono, com uma caveira nas mãos. Ergue-se para falar.

HADES:
Assistam, mortais amigos e inimigos, à minha folia do horror,
Sou Hades, o rei do Camarote da Morte, o Príncipe da dor,
Sequestrei Eurídice, a musa de Orfeu, o poeta cantador
E, com esse ato vil, provoquei o fim de um grande amor.

ORFEU (aparece de repente, sempre tocando violão quando fala [e também quando não diz nada, continua tocando]):
Pois aqui estou, sou eu Orfeu, o poeta cantador,
Vim ao Camarote Maldito do vil senhor
Pra resgatar Eurídice, o meu único e grande amor.

HADES (irritado e surpreso):
Ora, que grande presunção!
Entra no meu seleto camarote um morto vivo, um pobretão!
Como passaste por Cérbero, meu segurança e meu cão?

CÉRBERO (meio tonto, rosna como cão, sem graça. Usa 3 bonés, 1 pra frente, outro pro lado e um pra trás):
Ah, meu Mestre Hades, mas que vergonha!
Orfeu me tocou uma moda muito risonha
E eu fiquei todo bobo, um verdadeiro pamonha,
Passou por mim, seu pesadelo, como quem bem sonha.

HADES:
Ah, meu fiel cão Cérbero,
Também sinto a música de Orfeu afetar meu cérebro.
(muda o tom, como se sofresse uma transformação de humor, fica amoroso)
De mim, já não sou senhor,
O que queres de mim, Orfeu querido poeta cantador?

ORFEU:
Quero que me devolva Eurídice, a minha amada,
Quero de volta o amor da minha vida. E mais nada.

HADES (encantado):
Ah, Orfeu, não consigo resistir à música do seu violão,
É uma magia invencível, uma incrível tentação!
Leve Eurídice contigo... (a partir do “mas”, faz tom maldoso) Mas, até sair, a mantenha longe da sua visão,
Pois, mesmo encantado, lanço-lhe a maldição:
Se olhar pra ela antes do fim da caminhada
Perderá para sempre a sua amada.

ORFEU começa a sair lentamente e Eurídice segue atrás.

HADES (confabula com VENTO DA DESCONFIANÇA):
Segue os dois, Vento da Desconfiança,
E afeta os ouvidos de Orfeu, acaba com sua confiança.

VENTO DA DESCONFIANÇA:
Deixe comigo, Mestre Hades, sou o maior fofoqueiro e corruptor,
Provoco brigas entre amigos e acabo com qualquer amor.
(vai na direção de Orfeu e fica falando ao seu lado)
Qual é, Orfeu, vai deixar a praga do Hades te assustar?
É mais forte que ele, grande Orfeu, não vai encarar?
E se Eurídice ficou feia, e se ela não te acompanhar,
Vamos, Orfeu, antes de acabar a caminhada,
Pra trás, dê uma olhada...
                                   
ORFEU acaba olhando pra trás.

HADES (sequestrando novamente Eurídice, sai do palco)
Eu te avisei pra não olhar pra trás, Orfeu,
Agora sua amada pra sempre você perdeu.

ORFEU larga o violão e ajoelha-se em desespero, com as mãos esticadas. VENTO DA DESCONFIANÇA assiste a tudo debochado.

VENTO DA DESCONFIANÇA:
Ah, Orfeu, és um músico grandioso,
Mas não passas de um tolo.
Como podes dar ouvido pro meu comentário maldoso?

ORFEU (sozinho, ajoelhado e triste)
Ah, Zeus do Monte Alcino,
Desconfiei do amor e fiquei sozinho!

Entram as seis mênades e cercam Orfeu. Não se sabe se são boas ou ruins.

Mênade 1:
Que isso, meu neguinho lindo,
Em pleno carnaval, estás chorando sozinho?

ORFEU (pego de surpresa, desesperado e triste):
As mênades, as mulheres que rejeitei!
Vieram me matar porque não as amei!

MÊNADE 2:
Ih, o Orfeu endoidou!
Um fora em nós você já deu e já passou.
Não viemos lhe tirar a vida;
Aqui é Brasil, e não a Grécia Antiga.

Mênade 3:
Você chamou Zeus do Monte do Alcino Folia
Então Ele nos convocou pra sermos suas amigas.
Já denunciamos pro tribunal da mitologia
E foi-se feita a justiça divina:
Condenou-se a maldade de Hades
E a maldição dele perdeu a validade. (traz Eurídice)
Amigo Orfeu, é o fim do luto e da agonia
Eis aqui de volta a sua Eurídice querida.

ORFEU (apaixonado, levanta-se, segurando o violão e abrindo os braços):
Eurídice querida,
Retornaste à minha vida!

EURÍDICE (emburrada, com os braços cruzados):
Muita calma aí, Orfeu do Monte Alcino, filho dos sóis,
Até agora nada falei, porque o terror roubou minha voz.
Mas agora digo que contigo não mais fico
Desconfiou de mim, ouviu o inimigo.
Sou mulher de respeito
E você me vem com despeito!
Sai pra lá, seu bobão,
Comigo não, violão!

ORFEU (volta a tocar):
Ah, perdoa esse sambista bobo, Eurídice querida!
Toco agora meu violão com todo amor e harmonia,
Perdoa esse violeiro tolo, que te quer bem por toda vida!

EURÍDICE (mudando de postura, abrindo um sorriso):
Ah, Orfeu querido, não toca essa modinha,
Senão eu não resisto, fico toda molinha...

ORFEU:
Vencemos a morte, a desconfiança e o tormento
E, com essa melodia, te peço em casamento.
Ah, Eurídice, amada e muito querida,
Contigo quero formar a mais bela e apaixonada família.

ORFEU E EURÍDICE SE ABRAÇAM.

Mênade 4:
Mortais carnavalescos de Terê,
Através desse mito façamos crer
Que o amor tudo pode vencer.

ORÁCULO (entra para declamar o poema premiado de Walace Resende de Moraes):
Uma causa

O amor é uma causa
que Deus abençoa sem pausa.
O amor é de verdade
Quando há respeito e lealdade.

O amor é uma constante,
deve ser cuidado a todo instante.
O amor cultiva na alma
o melhor de nós.

Sentimentos ruins ele acalma,
faz-nos encontrar esperança
pra que nunca fiquemos sós.
           
Um desejo ele desperta,
puro como criança,
o amor liberta.

(Poema de Walace Resende de Moraes [na época, 8.º C], 2.º Lugar na Categoria III [8.º Ano] do “1.º Jovem Talento Teresopolitano – Concurso de Poesia Olavo Bilac 2018”, organizado pela Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura Municipal de Teresópolis/RJ)

Mênade 5:
Deixemos no reino do submundo
A desesperança, o ódio, as tragédias e outros absurdos
E levemos só presentes bons aos nossos carnavais futuros.

Mênade 6:
Que nesta nova folia celebremos uma nova vida,
Sem violência; só amor, paz e harmonia
Entre mim e você, você e o outro, somos todos uma só família.
Toquemos com Eurídice e Orfeu as notas da vitória da mais sublime alegria!



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