segunda-feira, 3 de abril de 2017

O fodástico lirismo antilírico de Carlos Oliveira mais uma vez no blog!

Hoje, depois de muito tempo sem dividirmos o mesmo espaço lírico-solitário-coletivo, compartilho mais uma vez minhas solidões poéticas com o mais-que-fodástico poetamigo Carlos Oliveira, de São José dos Campos/SP.
Carlos Oliveira hoje nos traz uma espécie de ode extremamente poética de ódio à poesia como fantasia num universo concreto/materialista que esmaga qualquer lirismo. Seu estilo visceral, principalmente neste poema, me lembra momentos febris de Bukowski e outros poetas fodasticamente marginais. Confesso que Carlos Oliveira e eu temos posições políticas bem diferentes (ele é a favor da intervenção militar; eu sou contra, mas, no momento, não vou ficar discutindo essa divergência política [jamais o poetamigo e eu nos prendemos a isso e nem pretendemos ficarmos presos a isso] que não modifica minha admiração pela lira antilírica de Carlos Oliveira), mas, como eu já disse, isso não altera em nada nossa harmonia lírica, sou sinceramente e declaradamente fascinado pelos poemas que ele intensa e febrilmente tão fodasticamente constrói. Sua cadência sossegadamente desesperada, seu sarcasmo melancólico, seu senso de realidade esmagadora indo de encontro com a graça desgraçada do fazer poético merecem destaque; vale muito a pena ler e reler os fodásticos poemas de Carlos Oliveira.
Continuemos sonhando sem sonhar através da leitura do fodástico poema de Carlos oliveira, amigos leitores!

Parei de ser um sonhador
Odeio poesia
Esta mentira melosa
Que só causa dor
Que nos faz pensar até enlouquecer
Não devemos pensar
Nada faz sentido mesmo ao amanhecer
Pra que pensar
Pra que acreditar
Pra que sonhar
Otário, sou eu que ainda escrevo
Contrariando o que penso
Se nada penso
Se nada acredito
Sou uma farsa até na fantasia das letras
Estou num escritório
Uso gravata
Meus sapatos brilham
O ar condicionado
Não condiciona a nada
Não tem romance num escritório vazio
Fumo meu cigarro escondido
Em um banheiro fedido
Eu que me achava descolado
Fiquei de lado
A poesia é uma merda
A vida é dar um passo depois outro
Sem poetizar
E todo dia eu chego em casa
Me achando o máximo
Por ser feliz materialmente...


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