terça-feira, 12 de abril de 2016

Solidões Compartilhadas Direto do Túnel do Tempo: A Vida Infinita no Antigo Caderno de Poemas de Gisele Dumard Catrinck

Há algumas semanas atrás, no ponto de ônibus ao lado do Supermercado Extra, enquanto aguardava (na verdade, mofava, pois os horários dos circulares são bastante espaçados) um desses veículos coletivos que me levasse de volta para o bairro Três Córregos, onde moro em Teresópolis/RJ, tive o privilégio de reencontrar a artistamiga Gisele Dumard Catrinck, que foi uma das escritoralunas para quem tive a honra de lecionar nos tempos em que eu dava aula na saudosa Escola Municipal Nadir Veiga Castanheira.
Irmã da poetamiga Miriam Dumard (que também possui um fodástico acervo de poemas de sua autoria do tempo da escola – em breve também os trarei para o blog), Gisele Dumard Catrinck sempre foi uma leitora voraz (segundo ela própria, ainda é fanática por leitura) e, nos tempos da escola, brilhou como uma escritoraluna de produção poética vibrante, fascinante e febril – tanto que até hoje guardo um caderno dela, cheio de poemas da jovem e talentosa poetamiga, que a própria autora deixou comigo nos tempos de escola.
Aproveitei nosso reencontro para pedir a Gisele que me permitisse resgatar no blog alguns desses fodásticos poemas contidos nesse caderno que ela deixara comigo naquela época (para ser mais exato, os fodásticos escritos são de 2010) e... yeah, Gisele Dumard Catrinck permitiu que eu retirasse da poeira do tempo e revelasse aos amigos leitores seus fodásticos poemas!!! Por isso, hoje tenho o prazer incomensurável de compartilhar minhas solidões poéticas, pela primeira vez no blog, com Gisele Dumard Catrinck. Seus poemas, apesar de antigos, permanecem com o fodástico lirismo intacto, eterno, e comprovam a talentosa versatilidade da jovem poeta – ora falam de amores jovens e maduros, ora brincam como crianças, ora comunicam-se com outras expressões artísticas (como a pintura abstrata), ora sonham, ora acordam para a realidade, ora trazem releituras de personagens clássicos da literatura (como Romeu e Julieta) e sempre flertam com o infinito, com os melhores dos mundos possíveis, sem limites, numa escrita lírica, magnificamente bem elaborada, entusiasmada e fascinante.
Sopremos a poeira do tempo entranhada no caderno de poemas da hiper-talentosa Gisele Dumard Catrinck e, através de nossa leitura, levemos esses fodásticos textos poéticos para a eternidade, amigos leitores!

Desenho abstrato

Para fazer um desenho abstrato
Não precisa ter nenhum cuidado
Rabisca pra cá
Rabisca pra lá
E nenhum desenho
Irá se formar
Rosa, azul, amarelo
Rabisca pra cá
Rabisca pra lá
E nenhum desenho
Quis se formar
E eu continuo a rabiscar
Rabisca pra cá
Rabisca pra lá
Olhei o desenho
Tentei me informar
Nenhuma informação
Consegui encontrar!

O mundo chora

A Terra chora
pedindo seu cuidado
pois o mundo
está ficando acabado.

Também chora
o céu de anil
junto com as crianças
Do nosso Brasil.

A natureza chora
não está contente
pois viu morrer
animais inocentes.

O homem não chora
com a arma na mão
mata pessoas
sem qualquer explicação.

A Terra diz:
“Quero saber
Quando isso vai acabar?
Será que a paz
um dia vai reinar?”

Declaração para Romeu

Desde quando te vi,
Marquei tua face em meu pensamento,
Gravei teu nome em meu coração,
Mesmo sendo um grande inimigo.
Este amor inexplicável
Venceu o ódio que carregava em meu peito,
Meu coração se encheu de esperança
Só de pensar que um dia
Ficaria ao teu lado.
Nós somos como
O céu e o mar,
O luar e a noite,
O branco e o preto,
Quero estar contigo
Em um momento chamado sempre.
Se for pra morrer,
Quero morrer contigo.
Mas mesmo assim não seria morte
Pois estaria ao teu lado
E o meu coração estaria vivo
Pois estaria batendo de amor.

Será?

Nas noites de luar
Eu começo a pensar:
Como será
Quando as estrelas
Pararem de brilhar?

Será que o sol
Vai explodir
E o universo sumir?

Será que
As calotas de gelo
Vão derreter
E muitos seres irão morrer?

Não importa como será
Na vida
As estrelas
Não param de brilhar

Não importa como será
A vida é infinita


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