sábado, 16 de abril de 2016

Solidões Compartilhadas Argumentativas - Nathália Malheiros questiona: Ordem e progresso: na bandeira, está escrito; no Brasil, não mais – até quando?

Vivemos mais um período tenso e vergonhoso (e, infelizmente, nada inédito) em nossa História moral e política: a tentativa de impeachment da presidente Dilma. De um lado, a “Excelentíssima” Dilma Rousseff, governante desgovernada (mais manobrada que manobrista), sem liderança, com péssimas manobras políticas (ter tentado enfraquecer o PMDB há uns anos atrás foi talvez seu crime maior, pois tal partido – mamador viciado das tetas do poder - não perdoa tal tática; deu de presente pra ela o infame Eduardo Cunha), no meio de crise, carregando nas costas um PT que, a cada sufoco, suja ainda mais sua própria história e, corrompido, acaba se dando a artifícios cada vez mais vergonhosos pra si e pra história geral da política, afim de não largar o suculento osso do poder público maior. Do outro lado, tão sem vergonha e vergonhoso quanto, temos uma Câmara e Senado igualmente (e, por vezes, ainda mais) corrupta e incapaz de lidar com a crise ou de criar projetos que melhorem nossa situação (desde que as propinas e mamatas de cargos se escassearam e/ou foram denunciadas e/ou inviabilizadas por conta da crise, terminaram um mandato e iniciaram outro mostrando completa ineficiência para votarem um projeto realmente relevante, mais preocupados em serem os ratos que vão à mesa com a saída do dono da casa do que ousarem realizar uma real faxina que propicie melhorias para a casa). Em resumo, se o impeachment acontecer, meu senhor, minha senhora, minha senhorita, estamos todos muito ferrados, pois nos danaremos todos com o retorno de um PMDB, acompanhado de tantos outros partidos, coxinhas e não coxinhas, tão sujos e patifes quanto o PT, não sejamos ingênuos. Mas – não, não tem ‘mas’, adversativas não acontecem, nada sugere contrariedade; só há aditivas. Ou seja, E, se o impeachment não acontecer, meu senhor, minha senhora, minha senhorita, o velho mar de lama petista se rejuvenesce e estamos também todos muito ferrados, pois nos danaremos todos com a manutenção de um PT e de outros partidos, pães com mortadela e pães sem mortadela (por favor, sem aquela de comunistas – todos os partidos brasileiros que almejam o poder beijam os donos do dinheiro; traje social é só pra dar mais destaque no paletó capitalista), tão sujos e patifes quanto eles num desgoverno que sempre promete, mas que nada tem a oferecer. É esse o problema: estamos muito ferrados independente dos rumos da política brasileira, pois todos os rumos não são caminhos para nós e sim rotas de fuga dos poderosos que mamam ou de um lado ou de outro (todos eles ganham de qualquer forma, uns mais que outros, enquanto todos nós nos ferramos de qualquer forma, com um mais que com outros). Em todos os lados, a corrupção, cujos anos em nosso país são comemorados junto com o próprio Brasil, está entranhada, tão entranhada que nem nós mesmos escapamos dela, somos corruptos também, assumindo lados que corroboram com nossos egoísmos, com nossa incansável busca por aquela vantagenzinha ali e outra mamatinha acolá – quem concorda com o impeachment já teve vantagem no poder, quer voltar a ter e o Brasil que se foda; quem discorda do impeachment quer manter a vantagem no poder, quer se consolidar e o Brasil que se foda. A corrupção no Brasil está entranhada em todos, com menor ou maior proporção de acordo com a posição socioeconômica do indivíduo e, a cada dia, nos corrompemos mais pelo bem do nosso eu, negando tudo que aparenta um mínimo de coletivo.
Tal reflexão me fez lembrar de um artigo de opinião, fodasticamente escrito pela hiper-talentosa escritoramiga Nathália Malheiros, de Teresópolis/RJ, inspirada em pensamentos filosóficos de Mario Sergio Cortella. O texto foi escrito no ano passado, pra ser mais exato em outubro, quando Nathália era uma das geniais escritoralunas que brilhavam nas aulas de Produção Textual que eu dava na época na Escola Municipal Alcino Francisco da Silva, quando o impeachment já estava sendo amplamente divulgado, mas permanecia meio que adormecido, esperando o beijo de algum Judas (Michel ou Cunha) cutucado com vara curta pra se manifestar. Sou cético, completamente descrente com o fim da corrupção na política com ou sem impeachment, mas, como Nathália, guardo uma esperança de solução em nós mesmos (precisamos acreditar que algo vai mudar, pelo menos em nós mesmos). O texto dela vale a pena ler e reler – serve para pensarmos e repensarmos nossas posturas e atitudes antes de apontarmos a sujeira do outro com nossos dedos igualmente (ou ainda mais) sujos.

Ordem e progresso: na bandeira, está escrito; no Brasil, não mais – até quando?
Nathália Malheiros

Ordem e progresso: na bandeira, está escrito; no Brasil, não mais. A corrupção no Brasil cresceu e aumenta a cada dia, nós sabemos. Reclamamos de governantes, deputados e todos os outros ditos representantes do povo. Mas será que não somos participantes disso? Você pode ter certeza que sim.
                Nós queremos mudar o mundo corrupto sendo corruptos. Queremos melhorias sem melhorar. Queremos ver o sol sem sair da sombra. Queremos, mas não fazemos. Você e eu cometemos corrupção a todo tempo. Queremos passar a perna até em quem é amigo! A “luta” pelo dinheiro ultrapassa os limites. “Dinheiro é tudo em um país de crise”, não é mesmo?
                Não há honra. O que é honra? Alguém lembra? Estamos nos deixando, abandonando uns aos outros por corrupção, por dinheiro. Até quando isso vai durar? Temos que ser a mudança que queremos ver, temos que começar com a gente para querer mudar alguém. Não é fácil mudar, nunca é. Mais incrível é a maneira que alguém simples passa a ser corrupto; corrupção é sempre fácil. Não existe gratidão no mundo, precisa de mais! Não existe respeito. Os valores de um mundo corrupto são valores perdidos.
                E quando vamos olhar para nós mesmos e para o nosso mundo? Vamos esperar as coisas piorarem para isso acontecer? Vamos respeitar mais, amar mais, honrar mais, sermos mais gratos!

                Vamos colocar nossos erros à nossa frente e tentar consertá-los. Um mundo sem corrupção será sim possível se a gente começar hoje. Julgue menos e tente mudar mais. Mudanças acontecem quando existem pessoas que querem mudar. Se coloque no lugar do outro, tente compreender e ajudar. Para mudar o mundo é preciso evoluir. Comece por você a evolução. O mundo será mais quando a corrupção for menos.

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