segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

A clássica discussão em oferenda-homenagem à mais-que-fodástica premiação

Yeah, amigos, vocês acreditaram, votaram, apoiaram e torceram e, consequentemente, me fizeram também acreditar e realizar esse sonho mais-que-fodástico: na noite dessa última sexta-feira, dia 19/02/2016, em cerimônia de gala no Teatro Gacemss, em Volta Redonda/RJ, o meu oitavo livro-filho "Foda-se! E Outras Palavras Poéticas..." ganhou o Troféu na Categoria Livro do Prêmio Olho Vivo 2015!!!
Em homenagem a esse título-sonho realizado, trago um dos poemas mais longos e filosóficos do livro, “A clássica discussão”, considerado o favorito pela diva-poetamiga 'volta-barramansense' Elisa Carvalho (que, por sinal, sabe declamá-lo divinamente, como podemos ver nos primeiros vídeos do evento "As Solidões Coletivas dos Vadios de Casaca e das Legiões Urbanas", do Sarau Solidões Coletivas, realizado em 8 de agosto de 2015, na Biblioteca D. Pedro II, em Valença/RJ – quem quiser conferir os vídeos é só acessar o link da postagem: http://diariosdesolidao.blogspot.com/2015/12/as-solidoes-coletivas-dos-vadios-de.html ).
Em tempo: Lembro também que o livro premiado "Foda-se! E Outras Palavras Poéticas..." (2014) + o meu sétimo livro-filho, "Bebendo Beatles & Silêncios" (2013), terceiro colocado no Concurso "Poetizar o Mundo com livros" 2014, agora estão à venda na Livraria Veredas (Rua 14, nº 350, lj 59 - Pontual Shopping - 2.° Piso - Vila Santa Cecília, Volta Redonda/RJ - https://www.facebook.com/veredaslivraria)!!! Os mesmos também podem ser adquiridos na Cia do Livro (http://www.ciadolivro.com.br/), na Rua Visconde de Ipiabas, 58, loja A, no Centro de Valença/RJ.
Espero que gostem do poema, amigos leitores! Agradeço mais uma vez o super-apoio lírico! Até breve e Arte Sempre!

A clássica discussão
“Quem está na merda não filosofa”
Millôr Fernandes, “Os perigos da filosofia”

É chover no molhado buscarmos os clássicos, profetas do amanhã que não acontece
É uma grandessíssima bobagem resgatarmos o passado num presente tão estático
Por que ressuscitarmos Baco? Por que logo Baco,
Se é Ele que ainda nos governa com seus animais embriagados,
Com seus vinhos corrompidos em taças mulatas,
Com suas orgias padronizadas de exceção,
Com seus circos felizes cujas lonas carnavalescas
São erguidas por palhaços suados e tristes
que só sorriem quando lhes dão um pão?
Um pão pra mil palhaços suados e tristes,
Um pão pra milhões enquanto homenageias Baco
Como se Ele representasse uma forma de oposição.
Percamos a ingenuidade, nadadores contra a correnteza:
Baco é o liberalismo, Baco é a situação,
Baco é vinho pra quem pode comprar vinho,
Baco é o dia de hoje, Baco é alienação.
Bebamos, bebamos, ventríloquos das palavras mudas que nada mudam
Mas bebamos sem louvor, porque o álcool faz parte da nossa gente
Porque somos incompetentes pra mudar os hábitos
Do palhaço suado e triste
Que, após um ano de trabalhos forçados no picadeiro,
Sorri pois juntara dinheiro pra ver seu Deus Flamengo
No Maracanã.
Bebamos pra que as uvas não apodreçam,
Pra que as cervejas não choquem,
Pra que os palhaços do vinhedo e da cervejeira
Não fiquem sem emprego, sem dinheiro,
Sem passagem pro Rio de Janeiro,
Sem ingresso pro Clássico de amanhã.
E depois vomitemos nos banheiros dos bares,
Nos banheiros públicos, nos banheiros de nossas casas
E, como também somos palhaços, limpemos nossa efemeridade porca
E acordemos pra nosso espetáculo no picadeiro.
Já somos clássicos, sempre fomos clássicos, companheiros palhaços.
Só trocamos trajes, bandeiras e o azulejo do banheiro no qual vomitamos
E Zeus - Oh! Deus! - só trocou a primeira consoante
E adotou um filho mais constante e eloqüente;
Zeus trocou a consoante pra nos enganar:
Oráculos de batinas, ternos e bolsos de ouro,
Caras-de-pau e crucifixos de pau-brasil
Nos ensinam a leitura cega e oprimida
Enquanto Marte governa com novas armas,
Novas moedas, novos opressores,
Novas formas de matar sem matar ninguém
E ainda queremos resgatar a Antiguidade, mulas clássicas?
A Antiguidade está nas nossas caras,
Nunca fomos tão obsoletos, camaradas
- Nós e nossas utopias furiosas e vencidas,
Nós e nossos versos sedentos do eterno efêmero,
Nós e nossas palavras ao vento...
Nosso mundo sensível é tão insensível e preconceituoso
Quanto o mundo de Platão.
Ficamos nas Ideias, lotados de Ideias,
Tantas Ideias que nem saímos do lugar,
Tantas Ideias que o corpo não abriga mais nada
E assim vivemos plenos em nossos egoísmos;
Nos afogamos nas ilusões do pensamento livre, prezados filósofos do Nada Paradisíaco.
De tão livres, ficamos presos no pensamento,
Vivemos nele, enquanto a vida nos ignora,
A vida passa sem ter Ideia de nós.
Mas pensemos bem, pensemos melhor,
Pensemos sem platonismo na vida que nos cerca, caros fantasisuicidas,
A vida é essa merda mesmo;
Não existe merda mais divina ou perfumada,
A vida é uma merda só
E temos que encará-la
Senão a merda não muda
- Enquanto reformarmos os jardins da Perfeição Inominável,
A merda não acaba.

Ilustração de Millôr para a fábula inspiradora "Os perigos da filosofia", do livro "Fábulas fabulosas"

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