quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Minha crônica premiada: Conversa (a)fiada com o jovem louco da praça enquanto a Campina fica ‘mais Grande’ no horizonte distante

Sei que às vezes fico meio sumido, amigos leitores, mas a vida (e os eventos artísticos) tem sido mais acelerada que qualquer conexão. Ou seja, o meu sumiço desse espaço lírico-virtual se deve a uma série de eventos artísticos e profissionais com os quais estou vibrantemente envolvido (graças a Deus e às demais divindades que protegem os professores-artistas-patetas, estou com a agenda de agosto lotadaça. E agosto não poderia começar melhor, amigos! Há poucos dias atrás, recebi a notícia de que mais uma de minhas crônicas foi premiada com o 3.º Lugar no Concurso "Lembrança do ìdolo - Homenagem a Rosil Cavalcanti" [vejam no link: http://www.caldeiraodochico.com.br/parque-o-rei-do-baiao-divulga-vencedores-do-concurso-lembranca-do-idolo/ ], em São João do Rio do Peixe/PB (como a cerimônia será no próximo fim de semana e não me planejei, curtirei o sucesso de minha filha-crônica à distância – mas, deixa estar – farei de tudo pra me classificar no concurso do ano que vem e, se for bem sucedido na empreitada artística, ah, da próxima vez, estarei lá com certeza!).
Conforme prometi aos amigos do facebook e do twitter,  trago hoje ao blog Diários de Solidões Coletivas) a crônica premiada, escrita em homenagem a Rosil Cavalcanti, fodástico ator, radialista e compositor de canções como “Tropeiros da Borborema” (interpretada em 1980 pelo Mestre Luiz Gonzaga), “Cabo Tenório” (lançada pelo Mestre Jackson do Pandeiro, em 1954), “Saudade de Campina Grande” (gravado pela Diva Marinês), entre outros sucessos [para conhecerem melhor desse fodástico compositor, nascido em Macaparana/PE, em 20 de dezembro de 1915 {ele faria 100 anos, se ainda estivesse vivo em 2015} e residente em Campina Grande/PB, onde faleceu em 10 de julho de 1968) compartilho também um vídeo que encontrei no youtube durante meu estudo para composição da crônica (apesar das fodásticas parcerias com grandes mestres da música nordestina, o nome de Rosil Cavalcanti ainda é quase que completamente esquecido/ignorado por muitos brasileiros).
Fiquemos com a crônica em homenagem a Rosil Cavalcanti e com as suas mais-que-fodásticas canções! Arte Sempre!

Conversa (a)fiada com o jovem louco da praça enquanto a Campina fica ‘mais Grande’ no horizonte distante

Sou muito novo, seu moço, não conheci o Seu Rosil Cavalcanti assim de intimidade, aperto de mão, conversa solta e companhia de baile; o homem faleceu muito antes de eu chegar nesse mundão de Deus... Mas, não sei o senhor me entende, o Seu Rosil Cavalcanti parece que está aqui comigo, bem perto de nós, é aquele lance estranho, seu moço, de sentirmos a presença constante de alguém que nem conhecemos, mas que sentimos como se fosse um velho amigo. Faz tempo que ele me acompanha, seu moço, e não pense que sou doido não, pois eu lhe provo que sou é muito são: ele está aqui, seu moço, dentro desse radinho, toca sempre no mesmo horário no programa do Seu Nonato. Ouve só: está tocando “Tropeiros da Borborema”, com Seu Dr. Luiz Gonzaga. 
“Estala relho marvado
Recordar hoje é meu tema
Quero é rever os antigos tropeiros da Borborema”
Essa música me dá um aperreio, seu moço, é daquelas canções que faz a melancolia sorrir arrastada e festiva dentro da gente! Até sinto saudades dos antigos tropeiros da Borborema que jamais conheci. Como posso sentir o Seu Rosil Cavalcanti distante se sua agonia bonita bate aqui dentro de mim? Como posso dizer que ele se foi, seu moço, se ele está aqui?
E já até sei o que senhor pode alegar, seu moço. O senhor pode até me acusar de nem conhecer a tal da Borborema, que eu estou longe das geografias de Campina Grande, terra maravilhosa onde Seu Rosil Cavalcanti desembarcou em 1943, quando nem nascido eu era; o senhor pode até me mostrar nos mapas das gentes sem sonhos que a Paraíba dele está muito longe de nós. Pois mais uma vez quebro seus argumentos, seu moço, com a magia simples dessa cidade pequena, mas grande aos olhos de Deus: pois se achegue aqui no domingo, bem no fim da tardinha, e passe ali no Forró do Risca Faca que o senhor vai ver Campina Grande cada vez mais grande, exuberante entre os forrozeiros do baile da população: vai ver um monte de Sebastiana sendo convidada para dançar um forró na Paraíba, vai reconhecer nos rostos desconhecidos dos seguranças mais marmanjos aquela velha pose de inspetor do “Cabo Tenório”, tantas vezes relembrado pelos grupos que resgatam o repertório do Mestre Seu Dr. Jackson do Pandeiro; o senhor vai ver até milho invisível na “Festa do Milho” sem milho, quando essa música for cantada pelos fãs do rei do Baião que tocam ali no Risca Faca.
Não é preciso morar em Campina Grande para Campina Grande morar dentro da gente, seu moço, ela está aqui no radinho, nas canções tocadas no programa do Seu Nonato, está ali no Baile do Risca Faca, nas festas juninas e julinas que enchem de alegria o coração imenso dessa cidade pequena. Quem ouve as composições do Seu Rosil Cavalcanti nunca está sozinho, seu moço: Campina Grande baila toda comigo quando as canções desse célebre amigo tocam nos meus ouvidos, enchendo meu peito de harmonia e de doces lembranças que eu jamais tive.
Agora me deixa ir, seu moço, que o dia se finda e o sono pede o carinho daquele banco sozinho no qual pretendo dormir se o Seu Guarda não me tirar. Vou eu mais Seu Rosil Cavalcanti pra cama de céu aberto, pra poder aproximar em sonho as estrelas inesquecíveis do distante firmamento da Borborema. Inté mais ver, seu moço, Seu Rosil Cavalcanti e eu gostamos muito de lhe conhecer.

Um comentário:

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