domingo, 24 de maio de 2015

(Re)Tocando o Barco com Velhos Poemas Juvenis: Pedras Salgadas

É, amigos leitores, sei que andei sumido, mas, yeah, estou de volta ao blog! Às vezes, passamos por períodos de tormenta/instabilidade na maré existencial, momentos de reavaliações/renovações artísticas, muitos compromissos na vida real – todos esses fatores somados acabam nos distanciando, ou melhor, entrando em recesso na vida virtual. Mas é momento de retornar e, se a palavra de ordem é retorno/retomada, trago de volta à vida um velho poema juvenil de minha autoria, publicado em meu primeiro livro “Fim do fim do mundo” (1997).
O velho poema juvenil “Pedras salgadas” foi inspirado em minhas releituras da obra “Mensagem”, de Fernando Pessoa, com o objetivo de subverter/alterar o jargão lembrado nos poemas de Pessoa “Viver não é preciso / Navegar é preciso”, dos “navegadores antigos” ["Navigare necesse; vivere non est necesse" - latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 aC., dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra, cf. Plutarco, in Vida de Pompeu], somado a uma leve referência ao “Lobo do mar”, de Jack London, mais um tanto de filosofia mitológica grega em louca mistura ao seu estilo oposto, o romantismo de Álvares de Azevedo na primeira parte da “Lira dos Vinte Anos”. É um poema que já rascunha parte de uma característica minha que segue cada vez intensa e frequente em minha poética: o ”intertextualismo”, ou seja, o  habitual uso e abuso do diálogo subversivo de meus textos com textos de outros autores. E, como o poema propõe diálogos líricos, defini que ele seria o “reiniciador” de minha retomada de postagens no blog.
Naveguemos nos mares líricos de ontem, hoje e sempre, amigos leitores!!! (#voltandoaospoucos)

Pedras Salgadas

Chove no porto
Barcos ao mar
As águas excitadas pela chuva
Excitam os pequenos barcos
E afogam os grandes navios
Com a vontade de naufragar.

                Marinheiros vêem sereias
                Quando olham pra própria imagem
                (Quando olham pro mar...)
                Tolos narcisos saboreiam o egoísmo
                Arrumam um salgado motivo
                Pra se afogar.

Pedras salgadas que encalharam navios
Não pegam os barcos que desviam dos riscos
Pois os seus marinheiros
Seguem o caminho
Do velho lobo do mar:

“VIVER NÃO É PRECISO
NAVEGAR TAMBÉM NÃO É TÃO PRECISO
É MAIS PRECISO APRENDER A AMAR!”

                A chuva cala
                A enchente das águas
                A mágoa do mar
                Pelos marinheiros que morrem
                Por não saberem nadar
                (Por não saberem amar...)


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