terça-feira, 10 de março de 2015

Solidões Compartilhadas: A Mulher eternizada no lirismo fascinante de Gilda Maria Rachid Dias

É, amigos leitores, a internet pregou uma peça no blogueiro que vos fala durante o último fim de semana: devido à tempestade de sábado em Teresópolis/RJ, fiquei sem acesso à rede nos últimos dias, fato que estragou meu plano de homenagear as mulheres-musas-fodásticas-poetas no dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher, e nos dias que antecederam esta importante data.
Mas, de volta à rede virtual, o blogueiro que vos fala declara: todo dia é dia internacional da mulher! 08 de março é uma data importante, para ser eternamente lembrada, pois, em 1857, 130 tecelãs foram assassinadas por fazerem greve numa fábrica nos Estados Unidos, quando solicitavam melhores condições de trabalho para as operárias do setor, mas essa discussão e a valorização da mulher deve ser internacionalmente discutida sempre, e não apenas no dia 08 de março. Por isso, decidi que, durante essa semana, o blog destacará a cada dia 2 postagens com textos de fodásticas escritoramigas.
Pra iniciar esse ciclo de postagens, trago, estreando no blog, um poema da fodástica escritoramiga Gilda Maria Rachid Dias, de Valença/RJ. Genial cronista, Gilda também ilumina nossos olhos leitores com uma poética vibrante, crítica e magnificamente elaborada (ela se considera mais prosadora que poeta, porém é impossível negarmos a brilho eterno de maravilhoso lirismo em poemas como “Mulher”, o qual compartilho mais abaixo nesta postagem).
Escritoramiga antenada com nosso cotidiano e com as questões contemporâneas (tanto que seu e-book de estréia [que brevemente será lançado] foi intitulado por ela de “Amores Virtuais” e será recheado de crônicas sobre a louca relação dos seres humanos com a internet), Gilda Rachid traz, em seu poema-prece-ode “Mulher”, um eu lírico feminino, crítico e ao mesmo tempo sonhador, que, através dos ventre-versos, gesta a esperança de um futuro mais justo e promissor para as filhas-irmãs de Eva.
Cuidemos, com olhos carinhosos e fascinados, amigos leitores, do eu lírico feminino e fascinante de Gilda Maria Rachid Dias!

MULHER

De meu ventre foi parido                                                  

Se no mundo existiu um homem que de uma mulher não veio
Esse homem foi Adão, que nasceu do sopro divino
Mas ao se alimentar em meu peito, ao se aconchegar em meu colo,
Ao se proteger, tornou-se homem e a sua mão levantou-a contra mim
Se diretamente em mim não foram tocadas, em minha irmã de gênero me envergonhou
Quantas vezes sua ira não ouviu minhas preces?
Quantas vezes o dedo para mim apontou?
Quantas vezes me queimou?
Quantas vezes me usou?
Quantas vezes o furor de seus dedos em minha face?
Quantas vezes me apedrejou?
Quantas vezes para parir sua descendência me emprenhou?
Mas todas que por isso passaram
Fica aqui só uma lembrança
Foi dentro de meu corpo que foi gerado
Agora espero de você, não uma mancha de vergonha
Mas apenas amor a toda mulher que desse mundo faz parte
Quero apenas amor deixar como legado a você
Mesmo que depois eu for daqui
Anseio que ensine aos seus filhos
Aqueles que vierem homens
Que a roda da História gira tão rápido
Que já precisa esse homem do novo milênio de uma mulher que o acompanhe em sua jornada.
Será ela sua parceira, amiga e amante, não mais aquela que subjugará, acusará, torturará e usará,
Pois seu dedo não deverá mais apontar para a face de nenhuma mulher,
Pois estará apontando para aquela que é irmã daquela que o gerou.


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