sábado, 14 de março de 2015

Rock Poemas Pinkfloydmaníacos: O lado escuro de MUon ou A ditadura dos Mobs

Yeah, amigos leitores, hoje retorno com dois rock poemas inéditos, inspirado no célebre álbum “The Dark Side Of the Moon”, da banda britânica de rock progressivo Pink Floyd.
Produzido em 24 de março de 1973 (período em que o Brasil ainda [sobre]vivia [a]os macabros anos de Ditadura Militar), o álbum “The Dark Side Of the Moon”  marcou uma nova fase no som do Pink Floyd, com letras mais pessoais e instrumentais menores, contendo alguns dos mais complicados usos dos instrumentos e efeitos sonoros existentes na época, incluindo o som de alguém correndo à volta de um microfone e a gravação de múltiplos relógios a tocar ao mesmo tempo. Os temas explorados na obra são variados e pessoais, incluindo cobiça, doença mental e envelhecimento, inspirados principalmente pela saída de Syd Barrett, integrante que deixou o grupo em 1968 depois que sua saúde mental se deteriorou.

“The Dark Side Of the Moon” foi um sucesso imediato, chegando ao topo da Billboard 200 nos Estados Unidos e já fez mais de oitocentas e três aparições na parada desde então, tendo vendido mais de quinze milhões de cópias e estando na lista dos álbuns mais vendidos da história no país, também no Reino Unido e na França, com um total de cinquenta milhões de cópias comercializadas mundialmente até hoje. A obra também recebeu aprovação total dos fãs e aclamação da crítica especializada, sendo considerado até hoje um dos mais importantes álbuns de rock de todos os tempos. Tal aclamação já foi reafirmada pelo famoso compositor, cantor e músico gaúcho Humberto Gessinger, que já declarou que “tudo na vida tem um lado bom e um lado ruim, com exceção dos LPs do Pink Floyd, que tinham dois lados bons”.
A importância artística de “The Dark Side Of the Moon”, somado ao fato que ele se tornou tema do primeiro Sarau “Poetizar”, organizado por Cíbila Farani, Raquel Leal e outros fodásticos artistamigos, , que acontecerá hoje, dia 14 de março, às 19:30h, no Billa’s Bar, no bairro Monte D’Ouro, em Valença/RJ, me inspiraram a fazer (sub)versões poéticas de algumas canções do aclamado álbum da banda Pink Floyd. Escolhi duas canções do álbum (na verdade, 3, pois uma tem o conteúdo parecido com outra): “Speak to Me" (muito parecida com "Breathe") e “Time”. Para construir a subversão poética, me baseei (como quase sempre faço) na melodia em detrimento do conteúdo das canções. Nas minhas (sub)versões, coloquei como temática o contexto histórico do Brasil de 1973, época na qual o álbum foi lançado (essa escolha não foi à toa, visto que atualmente vemos diversos fanáticos, analfabetos funcionais de nossa História, pedindo o retorno de um dos regimes mais macabros, autoritários e sanguinários que o Brasil já teve). Para manter a atmosfera progressiva de releitura, rebatizei o álbum de “O lado escuro de MUon” (o nome “MUon” é uma corruptela do nome do popular jogo em 3D “MU Online”, ambientado numa atmosfera medieval). O subtítulo inventado (“A ditadura dos Moobs”) segue a mesma lógica: moobs são os montros que habitam o continente de MU. Os títulos dos poemas foram inspirados em versos das canções que subverto: “Os conselhos do coelho corredor” é inspirado no verso “Run, rabbit, run”, da canção “Speak to Me", enquanto “O tiro da largada que nós perdemos” vem do verso “You missed the starting gun”, de “Time”.
Como sempre, não sei se o resultado das minhas subversões poéticas agradará aos amigos leitores, mas confesso que me divirto com essas brincadeiras líricas, afinal fazer arte é experimentar as possibilidades infinitas da escrita e tentar de, alguma maneira, viajar progressivamente em busca de uma revolução na fazer poético. Espero que gostem, progressivos amigos leitores!
    
O lado escuro de MUon
(A ditadura dos Mobs)

I
Os conselhos do coelho corredor
Para ser lido ao som de "Speak to me / Breathe" 

Brinde, brinde o que não quer
Só vive aquele que o caçador bem quer
Minta, minta inclusive pra mim
Louve a sorte
De se dividir entre Grécia e Roma.

Agora você vive no high society
Sem que nenhum caçador o cace
Todos os demônios lhe tratam bem
O único problema é se tornar demônio também.

Dance, dance com quem roga a morte
Finja que há amor pelos que derramam sangue
Esconda os fatos, evite os danos
Pois só morre
O que se indigna com tanta falta de amor.

Agora você vive no high society
Sem que nenhum caçador o cace
Todos os demônios lhe tratam bem
O único problema é que agora é demônio também.





II
O tiro da largada que nós perdemos
Para ser lido ao som de "Time"

Eu sempre odiei aqueles momentos porcos em que me guardei
Frente a você deixando aqueles caçadores nos vencerem
Eu passava mal, mas pela paz do mal eu lhes pagava pau
E deixei que um por um eles tirassem todos nossos bens

Tarde demais, nenhuma chance
Eles levaram o bom em mim e em você
Os caçadores fazem novas bodas hoje
E riem de covardes como eu, como você
E ainda saboreiam a nossa carne
Nos seus churrascos de aniversário
Nós sempre os tolos e eles ganhando
Mais um governo, mais quatro anos

E ano após ano os caçadores sambam e fingem
Que são mui amigos e que só matam desertores e gays
Mas você sabe e eu sei o poço de sangue e de roubo
Que eles escavam toda vez que têm o que querem.

Mais uma vez os cínicos jogam
E sorriem cheios de vaidade
São os fingidos representantes do povo
Podem matar a humanidade mais à vontade
E roubam, roubam, pregando o ódio a desertores e suspeitos gays
É a velha gestapo com novas roupas
Se perdessem, tomariam o poder.

Rolo, rolo outra vez
Pelas altivas lápides do velho novo poder
E o antigo cão rosna como no passado
Escute todos os bons serem sacrificados
Os caçadores continuam aqui
Pintando de sangue o arrabalde
E você nada fez e eu nada fiz
E deixamos que o poço do caçador se esbalde.




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