quarta-feira, 30 de abril de 2014

Cem Poemetos de Solidão: Poemeto X

X


Aquele garoto tímido na velha foto 3x4 não sou eu, minha amiga. É outro menino cuja pose eu roubei, é uma criança travessa que a máquina fotográfica não captou bem.


terça-feira, 29 de abril de 2014

Cem Poemetos de Solidão: Poemeto IX

IX


Em minhas memórias inventadas, fui um menino travesso. Por isso, Papai Noel nunca me deu brinquedo. Mas nem liguei: ao invés de discutir com o bom velhinho, aprendi a inventar jogos de diversão também.

Ilustração de Maciste Costa
(do livro "Procura-se um inventor", do escritor Daniel da Rocha Leite)

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Cem Poemetos de Solidão: Poemeto VIII

VIII


Não tenho nada contra Deus, minha senhora! Na verdade, Ele e eu nos damos muito bem; até nos casamos em comunhão de bens. Nosso matrimônio: o dom da criação de mundos que ninguém entende muito bem.


O Soldado Invernal e o Menino Triste (ou A morte do Capitão América)

Há 100 minutos da postagem do próximo poemeto dos "100 Poemetos de Solidão", em tributo a Gabriel García Márquez, eu confesso: quando criança, era colecionador fanático da Marvel e da DC (ano passado, até tive uma recaída por conta de um projeto escolar  interdisciplinar com o Homem de Ferro, idealizado pelo professor de inglês Daniel Coelho. Lá estava eu voltando a colecionar as aventuras de Tony Stark e de Thor rs).
Um dos quadrinhos que eu colecionava era o do Capitão América, com toda aquela ideologia do soldado incorruptível dos Estados Unidos da América. Nunca me esqueço daquela história em quadrinhos (Capitão América n.º 128) em que, nos tempos atuais, muito longe do período da Segunda Guerra Mundial - quando o super-herói surgira, ele, por força do desespero precisa usar uma metralhadora e fere um homem, a ponto de quase matá-lo. Aquele ataque de fúria e desespero foi um dos períodos das maiores crises do Capitão América, o soldado ideal americano, que sempre está em guerra, mas nunca mata seus inimigos (pelo menos, não intencionalmente). Jamais compreendi como um soldado estadunidense como ele, acostumado com guerras, poderia ficar em tamanha crise por ter usado uma arma de fogo (ele nem matou o cara!)
Com o tempo, aquela paranóia do Capitão América foi se tornando inverossímil pra meus olhos perplexos de realidade: afastados do heroísmo dos quadrinhos, os soldados estadunidense matavam seus hipotéticos inimigos sem dó nem piedade, em nome de um 'sonho americano' e de um patriotismo que beira o fanatismo e o fascismo, por sua ganância de desejar ser sempre o 'herói', o morador de um império que decide quem vive e quem morre no mundo.
Por isso, eu resolvi, há certos dias atrás,'matar' o Capitão América! Diante da estreia de mais um filme sobre o herói, imaginei como aquele soldado invernal, de sentimentos puros, inimigo das injustiças mundiais, se sentiria diante da descoberta dos quase genocídios reais praticados em nome da bandeira estadunidense. Abaixo, vai o conto, o primeiro e último que faço sobre o 'super-herói'. Sim, na minha fase adulta, quase insana, eu finalmente tomei coragem e matei o Capitão América! Estou até pensando em mandar minha ideia pra Marvel, o que vocês acham?

O Soldado Invernal e o Menino Triste
(ou A morte do Capitão América)

Era inverno e o Menino Triste adormecia numa calçada congelada.
Capitão América se aproximou, prometeu-lhe calor:
- Sou seu super-herói, menino, pode contar comigo!
O Menino Triste despertou, atirando nervosas rajadas de ceticismo:
-  Super-heróis não existem, seu farsante!
O Capitão América se protegeu com seu escudo.
Então o Menino Triste levantou-se e atirou-lhe a foto fatal:
- Esse era meu pai. Foram soldados com as cores do seu escudo que me deram o eterno luto.
Pela primeira vez, Capitão América percebeu a fragilidade de seu invencível escudo. Sentiu-se completamente congelado pela realidade da qual tanto se defendeu.
Então o ex-herói acordou em sua casa. A tevê ligada: cenas de violência no Afeganistão, Iraque e em parte da Ásia. Seu peito doía: a pátria armada que tanto defendera e amara vivia estilhaços de sua própria bomba atômica. Nenhum amor possível no meio de tantos mísseis...
Sem a máscara de Capitão, o homem percebeu que a América que sonhara não existia, jamais existirá... O escudo perdido, insegurança no coração. Precisava resgatar seu escudo, encarar o Menino Triste mais uma vez.
Desmascarado, saiu pelas ruas gélidas, atrás do Menino Triste. Reencontrou-o num beco escuro; ao lado do Menino Triste, o inútil escudo... Finalmente entendeu: o Menino Triste foi um filho que ele não teve, o Menino Triste era a parte dele que seu escudo sempre conteve.
O frio cada vez mais intenso – o Menino Triste o encarava como o reflexo de um espelho encara uma imagem que não lhe agrada, o Menino Triste era ele... Nenhum sol nas trevas daquela tarde iluminada.
Como o pai do Menino Triste, eternamente falecido em terras estrangeiras, o Capitão América agora era um soldado rendido pela neve da guerra, pra sempre perdido em sua própria terra... 

sábado, 26 de abril de 2014

Cem Poemetos de Solidão: Poemeto VI

VI


Fui em busca de emprego e ganhei uma consulta psiquiátrica: ninguém entendia como eu podia falar com duendes e com ninfas. Impaciente com tanta falta de sabedoria, não quis lhes dar mais detalhes de meu curriculum vitae.





Solidões compartilhadas a quatro mãos: Hino de louvor a Judas Maiakovski, de Gilson Gabriel e Carlos Brunno S. Barbosa

Hoje, faltando 100 minutos para mais um dos “Cem Poemetos de Solidão”, trago um poema a quatro mãos, escrito ontem por mim e pelo Mestre dos Mestres Gilson Gabriel.
O poema, idealizado por Gilson, é um tributo poético a Maiakovski, uma paráfrase (escrito feito com base em outro escrito mais conhecido, prestando homenagem, sem intenção de provocar humor – senão seria paródia) / subversão poética do poema “Ressuscita-me”, escrita pelo mais-que-fodástico poeta russo (o poema já ganhou também uma versão musical de Caetano Veloso).
O poema que Gilson e eu fizemos é um pedido desesperado e enérgico de mudanças no rumo do mundo, um decreto pelo fim das margens de desigualdades sociais, um hino ateu a favor da utopia que Deus não concebeu. Para experimentarmos sua aceitação (seu teor enérgico – como de Maiakovski - seu tema pesado como o céu que repousa em nossos ombros cansados, inclusive seu título polêmico – nesse quesito, não atirem pedras em Gilson Gabriel; nesse ‘crime’ poético, sou réu confesso, e ele, meu cúmplice mais íntimo), lançamos o poema ontem no facebook. Recebemos boas-vindas de uns e uma salva de tiros de outros contra a falta de misericórdia de nossas palavras (lamento muito estar de mal com a vida; juro que reencarno na próxima viagem lírica como um amante fanático desse apocalipse social que vivemos – ops, na verdade, acho que não... nunca vi poesia nos comerciais da Coca-Cola e nas mensagens otimistas da facebookmania; apenas hipocrisia).
Pela bala que matou Maiakovski, atirada pelo próprio poeta, nós ressuscitamos os sonhos mortos e, com o otimismo mais pessimista do mundo, reiniciamos a ressurreição do hino dos descontentes! Obrigado, Gilson Gabriel, pela sublime oportunidade! Amém, Judas Iscariotes! Amém e avante, Maiakovskis de outrora! Amém, tudo que o presente não tem, mas que poderia ter de melhor!
Em tempo: esse poema será declamado hoje, dia 26/04, no Luau da Ressurreição do Sarau Solidões Coletivas, que acontecerá a partir das 20h, na Comuna da Quinta das Bicas (no Quintalzão da Casa do Gilson Gabriel), na Rua Edson Giesta, 50, Casa 2, perto do Mercadinho Francisquinha, no bairro Biquinha, em Valença/RJ.

Hino de louvor a Judas Maiakovski 
(Diante do trono)

Se agora sou o vômito fétido e escancarado da cidade,
Esparramado nas calçadas, imundície cordial,
Se sou o fedor que impregna o ar
Como perfume barato de puta insone,
Se sou o corpo magro e em farrapos
Que a caridade vil e enojada mantém “sobrevivo”,
Ressuscita-me!

Se sou agora o pus e a carne putrefata da nação
Que se aprisiona com qualquer gradil,
Se sou ferida aberta vislumbrada
em cada esquina,
Se sou o verme que aflora a poça d’água
boca adentro do sedento ,
Ressuscita-me!

Se agora sou a cruz encruzilhada
Nas mãos vazias do ateu sonhador,
Estilhaçada pela ausência de compreensão
Dos homens que não sonham outro caminho redentor,
Se sou a cor vermelha que desbotou na bandeira da utopia,
Atropelada pela nova mão direita
Que hoje comanda a nossa estrada,
Se sou tudo que podia ter sido e não fui,
Ressuscita-me!

Se agora sou ontem,
Se agora não é agora,
Se agora o agora não vem,
Ressuscita-me!

Mas se agora é esse nada
Que desfila na multidão mutilada,
Mas se agora é esse disparo
Que queima as faces cansadas,
Mas se agora é esse vazio
De tiros pela culatra,
Deixa-me sozinho
Com meu revólver desarmado
Ressuscita-me apenas
Se esse agora for passado!

(Gilson Gabriel e Carlos Brunno S. Barbosa)


sexta-feira, 25 de abril de 2014

Cem Poemetos de Solidão: Poemeto V

V


O velho coronel me mostra suas patentes empoeiradas, suas dores intransigentes, suas botas brilhantes há tanto tempo ofuscadas, seu olhar ditatorial. Seguro meu riso, mantenho meu semblante sereno: como lhe explicar que, no meu olhar, só vejo à minha frente uma mancha colorida de um homem que sempre se pinta de cinza?



Solidões oníricas compartilhadas: Contratos e Sonhos de Fúlvia Lucas Vieira

Faltando 100 minutos para a postagem de mais um de meus poemetos de solidão, tenho o prazer de estrear mais uma fodástica escritora no blog: seu nome é Fúlvia Lucas Vieira, a conheci no ano passado, durante o Festival Literário Londrix, em Londrina/PR, e mantive contato com ela através d rede social facebook. No pouco tempo de contato que tive com ela, percebi que era uma garota cheia de mistérios, de emoções aparentemente guardadas a sete chaves; era a rainha das frases entrecortadas (se conferirem o facebook dela, perceberão poucas informações pessoais), lembrando alguns narradores do escritor Caio Fernando Abreu - sua face parece explodir histórias, mas prefere guardá-las pra si como segredos incontáveis. Mas é só impressão: o incontável está exposto em suas narrativas fragmentadas,em seus microcontos, em suas formidáveis prosas poéticas; seus narradores e eus líricos explodem na confissão inconfessável da arte escrita. Só descobri isso muito tempo depois de nosso primeiro encontro, quando visualizei nas atualizações do facebook uma elegia que ela fizera (esse texto eu não tive coragem de pedir à escritora; era pessoal demais e, pelo visto, tratava-se de uma dor de ausência muito recente e próxima). Mais algum tempo depois, me deparei com as notas poéticas que ela revelava recentemente no seu facebook e finalmente tive coragem de lhe pedir alguns de seus fodásticos escritos poéticos para que os olhos de vocês, amigos leitores, também pudessem absorver  com ternura as implosivas explosões da poesia de Fúlvia Lucas Vieira.
Que nossos olhos assinem um contrato permanente com a arte de Fúlvia Lucas Vieira, amigos leitores!

CONTRATO / 24 de abril de 2014 às 02:35

 Assinei um contrato, nele me comprometi com a mudança, constantemente, com ele me coloquei fora do lugar comum, a toda prova. Dei à liberdade eternidade e ao novo função de regra. Com isso sou sempre outra, me conhecendo e me estranhando, me desmontando e reconstruindo, crescendo e contribuindo, comigo e com os outros. Aconteça o que acontecer estarei protegida com a sorte dos principiantes e a força motriz dos novos projetos. O contrato foi feito com a vida e, todos os dias, recebo minha recompensa, vou envelhecendo ainda nova em folha, e sigo me fazendo leve, sem amarras. Posso criar o que chamam de modernidade e admito o nascimento do original. Quando olho para trás vejo o lindo espetáculo: A morte do banal pelo extraordinário - o grande triunfo dos incomuns.
Fúlvia Lucas Vieira

Sonhos de realidade / 28 de dezembro de 2011, próximo ao Rio de Janeiro - 24 de abril de 2014 às 02:33

 Hoje tive um sonho com mocinhos bonitos, meus longos cabelos derramados em cachos e alguns cachorros. E também tinha o mar que batia contra uma praia alta e estreita onde eu estava. Acordei como sempre, ansiosa para lembrar meu sonho e tentar contextualizar. Foi assim que me lembrei que meus cabelos curtos são para esconder meu romantismo, que gosto de homens que são bonitos, mas meu grande afrodisíaco é a capacidade. Ah! Me esqueci de contar também, que enquanto meu polegar virou carne e sangue o mocinho bonito não conseguiu fazer o cachorro vira lata parar de me morder.

Fúlvia Lucas Vieira


quinta-feira, 24 de abril de 2014

Cem Poemetos de Solidão: Poemeto IV

IV


Bela adormecida dormindo na cama de uma casa de putas. Deve ser essa criança em mim que insiste em sonhar no berço de tanta realidade triste...

Arte de Thomas Czarnecki

Solidões Compartilhadas: O Feio e o Divino em Rodrigo Carlos

Faltando 100 minutos para o próximo poemeto dos meus “Cem Poemetos de Solidão” e às vésperas de outra sexta-feira, momento no qual os lobisomens urbanos acordam e se alimentam da mais feroz poesia, tenho o prazer de compartilhar minhas solidões poéticas com o fodástico escritor Rodrigo Carlos Oliveira.
Filho de São José dos Campos/SP, Rodrigo Carlos atualmente reside em Piquete/SP e, nessa caminhada por municípios paulistas, o artistamigo carrega na mala e no corpo viajante a mais impressionante força lírica. Seus poemas transformam imagens rotineiras nos mais belos escritos poéticos, cheios de ritmo e mágico lirismo marginal.
O autor me declarou no facebook, rede social onde nos conhecemos, que jamais completara o ensino médio. “Não terminei o segundo grau e nunca gostei da escola.nas aulas ficava com fones de ouvidos e pé em cima da mesa. Sempre tive uma necessidade extrema de escrever. Hoje tenho 30 anos e ainda escrevo.” Na minha visão, sua aversão por escola se deve ao fato de ter se ocupado no doutorado do novo olhar pras velhas coisas da vida através das músicas que ouvia e do ângulo louco que conquistava na visão de tudo quando colocava os pés em cima da mesa: sua arte não deve nada à de escritores teoricamente mais graduados; no mundo maravilhoso do lirismo, não se pede diploma – ou você é, ou você pode ser, ou você somente pensa ser. Como professor, não posso negar a importância do estudo completo, mas, como poeta, sei que isso não determina qualidades poéticas. E, no universo fantástico da poesia, Rodrigo Carlos foi diplomado como professor.  Seus poemas são fodásticos demais, sua escrita é uma das mais sublimes aulas líricas! “Escrever é sempre bem solitário, mas até que existe um certo prazer na solidão...”
Encontremos o prazer da solidão escrita na leitura dos belíssimos poemas de Rodrigo Carlos, amigos leitores!

Todos pensam que sou mais um
Mas eu sou todos
Meu mundo não gira; balança!
Sacode no peito a vida
Por todo novo amor
Por toda velha partida.
Rodrigo Carlos

LOBISOMEM URBANO

Anoitece no peito
A sorte do homem
É meia noite
Vou pra rua virar lobisomem
Goles de uísque na calçada
Gargalhadas forçadas na esquina
Chamando a atenção dos ratos, bichas e meninas
Eu me destaco como um palhaço triste desse circo
Mais duas esquina a frente
Eu viro gente
Mais um gole de vinho
Eu te ensino
O que é feio
O que é divino

Porque a noite
A rua é um livro
O bêbado no canto te ensina
As sirenes dos mortos
Marcam o ritmo
O casal que briga no bar

Matando o amor!
Matando o amor!

Vai te ensinar
Que amar
É o primeiro estágio da dor

Já é cinco da manhã
O sol boceja no horizonte sua luz
Eu levo essa fé
Que me ensina e me conduz
Estou feliz
Porque minha vida tem cor
Estou feliz
Porque volto pra casa
e respiro amor

E na janela um beija-flor!
E na janela um beija-flor!

Rodrigo Carlos


quarta-feira, 23 de abril de 2014

Cem Poemetos de Solidão: Poemeto III

III


Minha avó me contou um lindo conto de fadas ontem e adormeci com o feitiço de suas palavras. Ah, maldita preguiça: dormi demais e minha avó não existe mais. Pra não me sentir só, converso com as palavras mágicas de minha avó falecida...



segunda-feira, 21 de abril de 2014

Cem Poemetos de Solidão: Poemeto I

I

Com a imaginação, reescrevi a Colômbia. Ah, tristeza fantástica: o jornal e a ausência de magia dos homens negaram a minha jornada literária...


Solidões Compartilhadas: O sonho de Dorian Gray nos olhos líricos de Xarles Xavier

Contagem regressiva: faltam 100 minutos para a postagem da primeira prosa poética dos “Cem poemetos de Solidão”, faltam 100 minutos para a revelação do primeiro fragmento de meu tributo lírico a Gabriel García Márquez.
Nada melhor que esperar a postagem compartilhando uma letra de música fodástica do músico e amigo niteroiense Xarles Xavier, com eu lírico ricamente inspirado no protagonista do livro “O retrato de Dorian Gray”, obra-prima do mais-que-fantástico escritor irlandês Oscar Wilde.
Não tenho nada a acrescentar, basta viajar pela letra e melodia da canção de Xarles Xavier pra que nossos corações possam alcançar toda Beleza Lírica adormecida no mundo do sonhar!    

O Sonho de Dorian Gray
(Xarles Xavier)

Há um lugar pra você
Que eu sempre vou guardar
Há uma canção pra você
Que eu sempre vou cantar

Mas você não pode escutar
Mas você não pode escutar

Tente voltar a viver
Toda vez que acordar
E o tempo parar de correr
Só pra poder te acompanhar

Mas você não pode enxergar
Mas você não pode enxergar

Ahh... Ahh...

Mas o meu sonho azul
Mas o meu sonho azul
Não combina mais
Com o seu olhar
Não combina
Com o seu olhar... Aahh...

Ahh... Ahh...

Há um lugar pra você
Que eu sempre vou guardar
Há uma canção pra você

Que eu sempre vou cantar

Mas você não pode escutar
Mas você não pode escutar

Há um sonho pra você
Que eu também quero sonhar

domingo, 20 de abril de 2014

Direto da Macondo dentro de nós, vem aí os “Cem Poemetos de Solidão” no Diários de Solidões Coletivas!

Após 2 dias de escrita febril (mal dormi nas últimas 48 horas), meu tributo poético a Gabriel García Márquez está pronto: meus “Cem Poemetos de Solidão”!
Publicarei durante 100 dias de postagens os 100 poemetos de Solidão que escrevi em tributo ao mais-que-fodástico-rei-do-realismo-fantástico Gabriel García Márquez, autor da obra-prima “Cem anos de solidão”. Não são elegias, e sim fantasias líricas, cujo objetivo é mostrar que o universo fictício de Gabriel García Márquez não morre; permanece vivo dentro de nós, refém permanente da Eternidade da Arte!

Preparem-se, amigos leitores! A série de poemetos começa a ser publicada amanhã, aqui no blog “Diários de Solidões Coletivas”! Até Breve e Arte Sempre!  

Luz, Câmera.... Alcino! apresenta "Jesus 2014: O Retorno da Canção"

Vários acontecimentos contribuíram para que este período de Páscoa fosse especial: a leitura de mais um poema fodástico de Genaldo Lial (compartilhado aqui na postagem anterior) e o retorno do Grupo Luz, Câmera... Alcino aos esquetes teatrais! Nada melhor que comemorarmos a ressurreição de Jesus com o resgate da arte que há dentro de nós. Por isso, hoje, posto o vídeo do esquete que marcou a volta do grupo teatral escolar mais querido do blog!
Foram apenas 2 tardes de ensaio, mas a apresentação foi mágica, emocionante! O Grupo Luz, Câmera.... Alcino!, da Escola Municipal Alcino Francisco da Silva, de Teresópolis/RJ, após um período fazendo apenas vídeos, retorna às suas raízes teatrais com o esquete "Jesus 2014 - O retorno da canção", em homenagem à Páscoa, à Ressurreição de Jesus. O esquete, apresentado no dia 16 de abril, foi adaptado de uma peça de um grupo de teatro amador de Cuiabá/MT e ainda contou com os acréscimos do fodástico poema do professor-poeta de Educação Física Genaldo Lial, de letras de música gospel declamadas como poemas, e da paráfrase de uma canção de Jorge e Mateus, feita por alunos do 8.° Ano B. Dirigido por mim, o Luz, Câmera... Alcino! fez uma adaptação mais moderna do episódio da ressurreição de Jesus, com trilha sonora mais atual ("Elegia", de New Order, "My Hero", de Foo Fighters, "Jesus, Filho de Deus", de Fernandinho), linguagem mais coloquial e contemporânea (figurinos também mais atuais) e contou com a participação intensa e super-dedicada dos artistalunos dos nonos anos e do oitavo ano B.


sexta-feira, 18 de abril de 2014

Solidões Compartilhadas: A Páscoa de Cristo, de Genaldo Lial

Apesar de o blog estar de luto pela morte do genial mais-que-fodástico Mestre dos Mestres Gabriel Garcia Marques (estou devendo aos leitores, ao escritor colombiano e a mim mesmo uma elegia a suas obras primas), não podemos nos esquecer dessa data especial que é a Páscoa, o período no qual comemoramos a Morte e Ressurreição de Cristo. Por isso, compartilho mais uma vez minhas solidões poética com o fodástico artistamigo Genaldo Lial.
Com poema rico em figuras de linguagem (cheio de paradoxos [uso de palavras com o sentido contraditório, oposto ao usual, fornecendo visões absurdas e diferentes da que nos acostumamos. Ex.: falsas verdades – se é verdade não pode ser falsa, se é falsa não pode ser verdade, mas o autor propõe a imagem desarmônica como se fosse harmônica], hipérbatos [inversão da ordem normal das palavras em uma oração], entre tantos outros) e um ritmo fodástico, Genaldo Lial nos embala para a Páscoa de Cristo.
Curiosidade: além da genialidade, Genaldo Lial é um artistamigo excêntrico e um tanto avesso às modernidades: o poeta foi o primeiro artista a me entregar o poema datilografado e não digitalizado, o que demonstra o quanto ele é fã de coisas antigas e um tanto esquecidas, ou seja, fã da máquina de escrever, da honra e da gratidão, palavra pouco usada na arte contemporânea.

Páscoa de Cristo

Com pouco quero falar muito
O muito porém não será tanto
Discorrerei sobre um único assunto
Falarei sobre a vida de um homem santo

Não professarei palavras de sabedoria
Nem criarei falsas verdades
Relembrarei fatos da profecia
Ocorridos em nossa humanidade

Há dois mil anos entre nós ele viveu
Entre gestos e atitudes, ensinamentos mil
Cá nós ainda não éramos nem mesmo o Brasil
E já o imolaram tanto que não morreu

Homem de bondade e transcendência maior não há
A todos os seus por parábolas ensinou
Por muitas vezes antes de morrer ele falou
Conhecereis a verdade e ela vos libertará

Do seu leito de morte ressurgiu
Provando a todos o poder
Suas máculas de sangue alguém viu
E não restaram dúvidas pra crer.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Solidões Compartilhadas: Doia Holanda, o Desafinado mais Lírico do Brasil!

Hoje tenho o prazer de compartilhar pela primeira vez minhas solidões poéticas com o artistamigo mais popular e performático que já conheci, o fodástico poetamigo Doia Holanda. Nascido em Araripina/PE e atualmente residente em São Gonçalo/RJ, Doia Holanda é um artista marcante, que traz em seus poemas os versos mais belos e liricamente rasgados de inspiração, musicalidade e paixão. O poema “Desafinado”, que posto hoje, foi uma singela homenagem que o poeta fez ao Dia do Compositor.
Em tempo: hoje, reencontro o fodástico artistamigo Doia Holanda, no Papaloka Choperia & Creperia, em São Gonçalo/RJ, às 20h, pois nos apresentaremos no evento Encontro Musical, organizado pelo mais-que-fodástico músico e amigo Leandro Ribeiro da Silva.

Desafinado

VC é meu tudo
Meu sol, meu quadro
Minha lua, meu mar!
Minha graviola
Minha flor só pra olhar
Inspiração
Canção a cantar
Nos acordes do rústico violão
Sentimento canção
Juventude
Suco gástrico
Desafinado som do coração
Incondicional amor a música!
Dia do compositor
(Doia Holanda)

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Por uma nova ordem (ou desordem?) musical: Yeah, eu fui no Lollapalooza 2014!

Mais uma vez me organizei para ir ao Lollapalooza. Escolhi ir ao festival o domingo, 6 de abril, não tão pleno quanto no ano passado (a nova produtora do Lolla 'inovou' neste ano, inventando batalhas entre grandes shows e deixando meu coração dividido entre o show super-energético da banda de indie rock Arcade Fire e o show não tão animado, mas clássico e plástico da toda poderosa New Order).

Sábado, 5 de abril, correria: tentei deixar tudo em ordem e, devido aos poucos horários de Três Córregos para a Rodoviária de Teresópolis, me arrumo às pressas, depois de organizar quase tudo atabalhoadamente. Na rodoviária, pego o ônibus direto pra São Paulo e aproveito a longa viagem pra praticar minha arte de dormir em ônibus, afinal domingo será um dia longo, vibrante e inesquecível, se os deuses da música me permitirem essa dádiva, e única forma de descansar é aproveitar os horários em trânsito pra descansar a vista e talvez o corpo.

Madrugada e manhã de domingo, 6 de abril, preguiça: desembarco na Rodoviária de São Paulo e dou um tempo por ali – é cedo demais pra iniciar o corre-corre pra chegar ao show. Recarrego o celular numa área reservada pra isso, enquanto descanso ao lado dele no chão; visito lojas, mas não compro nada; como alguma coisa (junk food e café, café, café!); um curitibano perdido me pede informações sobre a rodoviária e, como já sou mestre em passar por aqui, lhe respondo as dúvidas e, por um instante, me sinto um cidadão paulistano; entro na lan house e consulto meus espaços virtuais – nenhuma novidade na net, fora saber que meu time virtual Guesa Errante Futebol Clube perdeu na Liga Golaço após 10 jogos de invencibilidade. Pronto, já enrolei bastante, pego informações das rotas do trem e sigo em direção do Autódromo de Interlagos, novo local do Lollapalooza (até ano passado, o evento rolava no Jóquei Clube).

Fim de manhã e início da tarde de domingo, 6 de abril, excitação: depois de passar por três trens, andar um bocado, passar por vários guichês (de revista, autenticação do ingresso, etc), chego ao novo espaço do Lollapalooza. A primeira coisa que faço ao entrar é bater fotos e comprar tickets de comida e bebida (ano passado, passei um aperto em filas enormes, por ter deixado pra comprar depois). Depois corro pra assistir ao show da musa pop venezuelana Francisca Valenzuela, no Palco Skol. O show da cantora é animado, meio performático, o pop que ela representa não é dos estilos que mais curto, mas não me desagrada nem uim pouco: a artista tem estilo, uma voz potente, boas canções e conquista a simpatia do público, ainda pequeno por se tratar de um dos primeiros shows do dia. O sol escaldante avisa que será um dia quente (na minha mochila, a capa de chuva, companheira de outros festivais, dorme tranquila e inútil). Aproveito o intervalo de show pra descansar um pouco, me sento na grama (ano passado, saí mancando do Lolla 2013, por causa da ansiedade excessiva e, consequentemente, não me dar os tempos devidos de pausa – já não sou mais um garoto de 16 anos, com o corpo novinho em folha; meus quase 35 me lembram disso toda hora), o sol queima o meu rosto e todas as outras partes expostas de meu corpo, em breve ficarei da cor de um camarão, castigo viável para mim, que não . Aproveito a pausa pra conhecer outras pessoas: ao meu lado, acho uma companhia para os maus vícios, ou seja, fumante como eu (o poeta Mario Quintana afirmava que é nesses momentos de tragadas coletivas que fazemos novas amizades). Seu nome é Lilia ou Lilian (não entendi ao certo, mas não quis perguntar novamente), é de Santo André, o Lolla 2014 é o primeiro festival que ela vai e isso tem um motivo, ou melhor, uma cantora: Ellie Goulding (artista pop super-esperada por uma legião de fãs neste evento, mas, como eu já disse, não é bem o estilo que mais gosto, logo, em breve, Lilia ou Lilian e eu seguiremos caminhos diferentes, mas, como ela própria disse, “o legal desse lance de festival é que cada um tem seu estilo, sem confusão, sem briga, todos curtem”, e assim cada um seguirá a sua trilha musical). Conheço também o jovem, gente boa e louco Hortêncio Lima (ele me repetiu o nome umas 3 vezes durante os momentos em que estivemos juntos pra que eu pudesse gravar rs); também é o primeiro festival dele, mas, diferente de nós, ele já tinha vindo no sábado, estava meio virado, mas com a energia ainda a mil.
Esperamos ansiosamente o show do Raimundos e eles não desapontaram em nada nossa expectativa: fizeram um show vigoroso no Palco Skol, tocaram diversos hits, trouxeram as canções novas – muito boas, por sinal, do novo álbum “Cantigas de Roda” - agitaram muito a galera e, em nenhum momento, pararam de contagiar a galera (de todos os shows que  eu vi, foi o que mais interagiu e que agitou realmente todo o público), rodinhas hardcore se formaram (Hortêncio entrou em todas, eu me arrisquei apenas uma vez – não tenho mais 16 anos, meus quase 35 sempre me lembram disso). Resumindo: o show dos Raimundos foi um dos mais fodásticos do dia, do caralho, puta que pariu – eles tinham afirmado em entrevista ao G1 que esse show marcaria um novo recomeço, uma ressurreição na banda, mas não pensei que seria tão consagrador assim! O vocalista Digão aproveitou pra citar Ayrton Senna (afinal, estávamos no Autódromo de Interlagos, onde o piloto brasileiro tanto se destacou) e agradecer a galera: “É por isso que não paramos, véi, é por vocês, vocês que fazem a gente continuar!” A páscoa dos Raimundos veio uma semana antes da que marca o feriado oficial: a banda, lenda divina do hardcore nacional, está mais viva que nunca! Acho uma pena que sites como o G1, que cobriu o evento, não tenha dedicado nenhuma linha de comentário sobre o fodástico show dos Raimundos no resumo da 2.ª Noite do Lollapalooza. 
Depois disso, Hortêncio e eu nos separamos de Lilia ou Lilian, pois seguimos nossa jornada musical na direção do Palco Ônix, onde já se apresentava o lendário Johnny Marr, ex-guitarrista da fodástica banda The Smiths e atualmente em bom início de carreira solo. O rock tipicamente inglês de Johnny Marr é vibrante, anima o público (principalmente, os mais velhos) e, putz, ouvi-lo ressuscitar velhos e eternos hits do The Smiths é fodástico demais, contagiou todo o público, isso jamais sairá da minha memória musical. Hortêncio, animado, comenta: “Agora entendo de onde vem a musicalidade de ‘Alagados’ dos Paralamas do Sucesso.” Eu poderia ter dito a ele que não só o The Smiths, mas também o Talking Heads e o The Police influenciaram a sonoridade dos Paralamas, mas, em tributo ao fodástico show de Johnny Marr, deixo o guitarrista como principal influenciador dos Paralamas. Johnny Marr continuou agitando o público, porém, no meio do show, Hortêncio e eu nos vemos meio cansados (o show dos Raimundos nos cansou demais, apesar de ter sido uma canseira positiva) e decidimos dar um tempo. Saio da multidão e, quando olho pra trás, cadê o cara? Ambos nos perdemos um do outro – ameaço procurá-lo, mas é em vão, o evento está cada vez mais lotado, encontrar uma agulha no palheiro seria mais fácil. Me sento na grama e descanso um pouco, afinal ainda tem muito show pra curtir. Agora retorno à minha jornada musical solitária.

Meio da tarde até o anoitecer de domingo, 6 de abril: sou um exército de um homem só – Saio do espaço próximo ao Palco Ônix e sigo para o Palco Interlagos, onde tocará a banda ultra-feminista e de rock vigoroso Savages. Não tinha nenhuma informação dessa banda até uma semana atrás, quando esbarrei com um comentário desesperado de uma fã da banda no site do Lollapalloza. Na mensagem, a fã reclamava a falta de comentários da galera na página reservada à banda Savages: “Vamos lá, galera! Como é possível que uma das melhores bandas do Lolla de domingo tenha tão poucos comentários?” Esse fato me deixou meio curioso e decidi baixar o som da banda. Seu ritmo, misto de Joy Division com Siouxsie bastante pesado, me encantou de cara e a Savages passou para a minha lista de shows a serem assistidos no Lolla 2014. Enquanto eu seguia para o Palco Interlagos, a musa pop Ellie Goulding iniciava seu show no Palco Skol; uma platéia imensa já lotava o lugar e mais fãs enlouquecidos se dirigiam para perto do palco. Caminhando na direção oposta à da maioria, me senti um rebelde nadando contra a corrente. Chego cedo ao show da Savages e consigo ficar bem próximo do palco (não tão próximo, pois uma legião ‘savágica’ já a esperava). Quando o show inicia, tenho a impressão de certa timidez da vocalista com o público e percebo que o sol possivelmente castigue as integrantes da banda, vindas de outros ambientes com temperaturas mais amenas, mas tudo isso fica só à primeira vista. Após três músicas e movimentação contagiante da banda, seu rock vibrante já nos hipnotiza, a vocalista já se comunica com o público em português, para delírio dos fã-náticos, sua performance meio Ian Curtis (Joy Division), meio Johnny Rotten (Sex Pistols) relembra bons ídolos de décadas passadas, o som é potente, impossível não se deixar contagiar, tanto a platéia quanto a banda saem satisfeitos com o show, o público aplaude efusivamente e a vocalista sai de palco sorrindo, depois de dar “obrigado” diversas vezes pra galera que animou o espetáculo. 
Saciado de Savages, é momento de Pixies – corro na direção do Palco Skol, entro no meio do público cada vez maior à medida que os shows principais se sucedem. Com muito esforço e jogo de cintura, consigo chegar próximo ao palco, bem no miolo da massa roqueira. O Pixies, bastante criticado por certa apatia nos últimos shows no Brasil e no mundo, veio pra desfazer qualquer má impressão anterior. Fizeram um show antológico, eficiente, recheado de hits que empolgaram a galera; fãs das mais diversas idades cantavam junto com a banda, um momento mágico, um coro acompanhava as dúvidas do vocalista: “Where is my mind”, fora certa timidez da nova baixista, o show foi um dos melhores do domingo, o mais vibrante, rasgado e autêntico rock’n roll, baby, "la la love you"!
Saí do show empolgado pra curtir o rock grunge do Soundgarden no Palco Ônix, porém paguei um preço alto por ter ficado tão próximo dos Pixies no Palco Skol: quando cheguei no palco, onde a banda de Chris Cornell agitava a galera com “Black Hole Sun”, entre outros sucessos, o espaço estava tomado pela multidão e só conseguiria assistir ao show a uma distância imensa do palco. Mesmo com o coração apertado pela perda, virei as costas e decidi tentar uma estratégia nova para que tal fato não ocorresse no próximo show da minha lista pré-concebida: correr para o Palco Interlagos bem antes do show do New Order para que eu pudesse ter uma visão mais privilegiada do espetáculo.

Domingo, 6 de abril, noite brilhante, uma nova ordem: Sei que o Arcade Fire preparava-se para fazer um show antológico no Palco Skol, mas não perderia o New Order por nada no Palco Interlagos, afinal, mesmo menos empolgada que o Arcade, a banda formada após o fim do Joy Division é parte essencial de minha trilha lírico-sonora da juventude (sei que alguns chamam o som deles de ‘música para enrustidos’, lamento, mas é meu ‘mau gosto’ musical, caros críticos machões fãs de bandas metaleiras de cabeludos sarados) . 
Cheguei ao palco Interlagos no final da apresentação do Jake Bugg. Ouvi de forma desinteressada o folk rock do garoto (ele não estava na minha lista de favoritos) e confesso que até houve um pouco de má vontade minha com o som dele, pois eu ainda estava chateado por ter tido que sacrificar o show do Soundgarden. Jake Bugg fez um bom show, apesar de não ter empolgado muito a galera (somente pequenos grupos aqui e ali davam uma atenção devida e vibrante ao show do rapaz), o que resultou numa despedida seca do artista. Na minha cabeça, ficou um verso de uma das últimas canções que ele cantou: “Rock’n roll can never die” (na verdade, a canção nem é de Jake Bugg, e sim uma versão que ele fez da consagrada “Hey Hey My My”, de Neil Young. Lamento por Jake Bugg ter sido ‘incompreendido’, mas minha maior preocupação era chegar o mais próximo possível do palco. E a estratégia deu certo: após o show de Jake Bugg, a platéia dispersou e cheguei bem próximo do limite para o palco – mais uns quatro passos e eu estaria completamente de cara para o espetáculo! 
Após alguma espera e muita expectativa, o New Order chegou, bastante técnico, plasticamente poderoso (o telão exibia diversos vídeos e as luzes eram um espetáculo psicodélico à parte), meio discreto, mas acompanhado por uma platéia empolgada. O vocalista Summer interagia com o público, nem sempre da melhor forma (a galera não gostou muito quando ele agradeceu a recepção com um ‘muchas gracias’, nem quando ele disse que curtia o ‘mojito’ brasileiro [?!?], mas, logo ele se corrigiu, dando o devido “obrigado” e dizendo curtir a caipirinha e churrasco brasileiros, e, depois, pediu desculpar por não falar quase nada em português). Burocracias diplomáticas à parte, o New Order tem um rock melódico contagiante e fez um show eficiente, que emocionou os fãs mais nostálgicos como eu (ou seja, mais velhos rs), principalmente, do meio pro final do show, quando finalmente eles tocaram os fodásticos hits “Blue Monday”, “Bizarre Love Triangle”, entre outros. 
O bis que eles deram, tocando duas canções do Joy Division, em memória do genial Ian Curtis, é de emocionar qualquer ser humano que curta o mínimo essencial do rock de 80, a homenagem traz aquela energia feliz que nos dá uma baita vontade de chorar. E chorei feliz, cara, nessas horas, não sei esconder minhas lágrimas, viu, senhores críticos, não sou tão enrustido assim – meus sentidos talvez sejam muito mais expostos que os de vocês, cambada . Seja qual for o conceito (ou pré-conceito) dado ao som do New Order, eu os acompanho, perdoo qualquer falha, amei demais o show deles e parto com o coração pleno de satisfação – minha trilha sonora ficou mais rica depois desse domingo. Agora é voltar pra casa, descansar e me preparar pra novas canções e poemas. E que a rotina não seja pesada, nem as ambições pequenas, pra que o amor nunca nos despedace. Amém, “Love Will Tear Us Apart”, Até Logo, New Order, Arte Sempre, Ian Curtis never die.

  

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