segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Velhos poemas juvenis: Quando as fogueiras se apagam

Fim de noite por aqui... Apagar das fogueiras... Momento de quase plena escuridão... Deixo para vocês hoje mais um de meus velhos poemas juvenis, feito pra ser o poema de introdução de meu segundo livro, “Promessas desfeitas”, lançado em 1997. Fala sobre o momento em que apagamos juramentos eternamente escritos em nossa memória, esquecimento de promessas, deslizes de identidades, trevas dentro de nós. Foi um poema que fiz após ouvir “Perto do fogo”, de Cazuza e Rita Lee, e “Sinais de fumaça” e “Jornais”, da banda Nenhum de Nós; fiquei imaginando: e o que acontece quando nos afastamos do ‘fogo’? e quando não há mais sinais de fumaça? e quando a face má nubla nossos pensamentos? e quando a chama se apaga? O poema traz um pouco das minhas inspirações da época: havia devorado o “Livro de Ouro da Mitologia”, de Bulfinch, lido poemas do livro “Chafariz de 80”, de André Luis Giusti, e os ultrarromânticos se mantinham firmes em minhas inspirações. A terceira estrofe tem um quê de “O médico e o monstro (O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hide)”, de Stevenson, livro que iria reler tempos depois e que me renderia novas inspirações.
Que estejamos bem protegidos de nós mesmos quando as fogueiras se apagarem, amigos leitores!...

Quando as fogueiras se apagam

Quando as fogueiras se apagam,
Juramentos ocultos em cofres
Viram pensamentos ocultos
Metidos e jogados ao vento.

Quando as fogueiras se apagam,
As almas tão bem guardadas
Viram pequenos objetos
Esquecidos e mantidos numa caixa
De Pandora.

Quando as fogueiras se apagam,
O bom menino escoteiro
Cumpridor de suas tarefas
Dorme pra deixar o homem mau acordar
Com suas mentiras tão bem cultivadas
Que chegam a cultivar raízes em si próprio.

Quando as fogueiras se apagam,
Ninguém vê o mal que cresce
Nem quanto o homem perde
Ao desfazer as promessas do menino
Que um dia ele foi
Ou que, pelo menos, um dia
Ele pensou ser...


3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Quando apagamos as fogueiras, as cinzas permanecem quentes alimentando as esperanças.
      Um belo poema.
      Beijos!!

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