sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Solidões compartilhadas: Os caminhos do amor e do desamor na poesia de José Fonseca Duarte


Li há pouco um livro antigo de poemas, chamado “Os caminhos do amor e do desamor”, de José Fonseca Duarte, editado em 1974 (é a única informação sobre a origem da obra, trazida dentro do volume, além de uma dedicatória datada em 14 de julho de 1977, em Belo Horizonte/MG). A obra, extremamente romântica, me foi emprestada por minha tia Nayd Dutra, para que eu pudesse conhecer a arte poética de José Fonseca Duarte e levasse um pouco de sua inspiração pra minha arte (fato que aconteceu: alguns poemas novos meus resgatam um romantismo que há tempos vivia adormecido em minha escrita).
José Fonseca Duarte, com seu eu lírico “um seu eterno namorado”, nos leva aos caminhos do amor e do desamor em poemas ricos em comparações, anáforas (repetições de palavras e/ou expressões em versos diferentes e próximos), antíteses (palavras com sentidos opostos colocadas no mesmo verso ou em versos próximos. Um exemplo é o próprio título do livro que nos traz as opostas “amor” e “desamor”), um ritmo melancólico e hipnótico, que pouco a pouco vai nos levando à estrada tão diversas de sentidos da arte de amar e ser ‘desamado’). Em alguns momentos, devido à monotonia da temática (amor e desamor), os poemas podem parecer piegas demais, mas quem traça o caminho do amor e do desamor sabe que a estrada exige esses passos piegas; somos todos meio piegas quando amamos demais e somos ‘desamados’. Como o próprio eu lírico da prosa poética final do livro diz: “Perdoa, amor, por Deus, eu lhe suplico, se muita mágoa eu lhe causei por essa paixão enorme que lhe dedico, esse amor que jamais esquecerei...”.
E, por esse romantismo em José Fonseca Duarte, por esse sentimento em mim, por essa paixão em nós, amigos leitores, hoje compartilho um dos poemas do livro, o fodástico “Volubilidade”. Deixo pra vocês também um clipoema da minha declamação do poema de José Fonseca Duarte, filmado por Juliana Guida Maia, na casa da Tia Nayd (usando os recursos de luz que ela e o tio Ruy me ofereceram),
Não neguemos os caminhos do amor e do desamor, amigos leitores, pois são eles que nos fazem sensíveis e realmente vivos.   

Volubilidade

Engraçado:
   Tu que chegaste com as mãos abertas,
   Buscando o encontro,
   Agora vens com elas mesmas estendidas,
   Indicando partidas...
   Tu que chegaste de olhos meigos,
   Querendo afagos outrora,
   Agora vens, com eles mesmos,
   Ordenando disfarçadamente que eu vá embora...
   Tu que chegaste entusiasmada,
   Falando num amor terno, mais forte que o tufão,
   Hoje falas o idioma estranho do nada...
   Do sentimento frio... sem emoção...

   Com que pressa louca teus amores vêm...
   Com que pressa amarga teus amores vão...
(José Fonseca Duarte)


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