segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Réveillon de lirismo: Contemplando fogos de artifício


Encerro minhas postagens de 2012, pensando na continuidade do blog em 2013, 2014, até qual infinito me for concedido pelos olhos dos leitores, pelos deuses das artes e dos tempos. Para me encontrar com um bom amanhã, retomo momentos bons do passado: retomo nesta última postagem de 2012 um poema antigo, de minha autoria, escrito após o réveillon de 2001, ano que revelava a mudança de séculos (sim, pessoas da minha idade podem dizer com orgulho: atravessei dois séculos, o XX e o XXI!!!). A virada de 2000 para 2001 me trazia perspectivas fascinantes: há alguns meses havia voltado ao mercado de trabalho com carteira assinada (após um período de desemprego e empregos informais, comecei a trabalhar numa fábrica de papel de Santanésia, distrito de Piraí/RJ, onde fiquei por 6 anos, até ser chamado para lecionar) e assim tive a oportunidade de voltar a estudar, entrar na faculdade, fazer o tão sonhado curso de Letras que eu desejava fazer há tanto tempo, e também pude voltar a publicar, de forma independente, meus livros de poemas; a virada do século marcava a virada da minha vida e essa sensação acabou me inspirando o poema abaixo, escrito logo após a tradicional queima de fogos do ano novo. Primeiro, ganhou formato de um poema; depois achei melhor transformá-lo em prosa poética, como foi colocado em meu quarto livro “O último adeus (ou o primeiro pra sempre)” (2004) e como os amigos leitores podem ler agora no blog.
Outra curiosidade sobre o texto: escrito na casa do Ronaldinho, um tempo após a queima de fogos, o meu amigo - na época professor de Matemática - me desafiou a inserir temas geométricos no poema, por isso há, no final do primeiro parágrafo, termos da Geometria citados em linguagem lírica.
Que 2013 venha tão intenso e brilhante quanto os fogos de artifício que vemos na virada de cada ano. Brilhemos e sejamos eternos em nossa efemeridade, pois, como diz o poeta Chacal, “a vida é curta demais pra ser pequena”.
Feliz ano novo, amigos leitores!

Contemplação

            Fogos de artifício... A fumaça da madrugada recém-nascida desperta uma estranha histeria em meus olhos. A visão apressada contempla a travessia das luzes no céu negro, a constelação fugaz na noite festiva, a exótica auréola dos desejos nas mãos do fogueteiro. Meu coração é um cosmoporto temporário e a galáxia são estes fogos no céu, esta tentativa criativa e humana de criar um arco-íris no escuro: meu coração é perpendicular, uma superfície cuja intersecção com esta iluminação efêmera forma um ângulo reto, que é o mundo redondo e ilimitado dos meus olhos.
            O caos de luzes no céu saúda as intermináveis promessas do povo para o ano novo, enquanto o lado oculto da lua exausta guarda pra si os mistérios do futuro.
            Os últimos fogos de artifício arranham os arranha-céus com um pedido de paz sem dialeto, pois a paz é universal. Então as luzes se apagam: Bem-vindo ao século vinte e um.


sábado, 29 de dezembro de 2012

Solidões compartilhadas: Livre, por Eddie Mendonça


Estão chegando os últimos momentos do fim do ano e cada vez mais compartilho solidões poéticas com novos poetas fodásticos (enquanto o ano se renova após 365 dias, as novidades artísticas aparecem a cada momento; não estamos sós nestes “Diários de Solidões Coletivas”). Hoje apresento aos amigos leitores o fodástico poeta e músico valenciano Eddie Mendonça e seu grito poético por liberdade. Fã de Metallica (segundo o autor, são as melodias dessa tradicional banda de heavy metal que o inspiram a escrever), o autor nos traz os efeitos libertários de um beijo, muito além da carne, muito além de um simples encontro de lábios. 
Seu estilo poético me lembra Baudelaire (sim, aquele das “Flores do mal”; recomendo a leitura do poema “Letes”, onde o eu lírico fala que beijar a pessoa amada é como mergulhar no Letes, o rio do esquecimento na mitologia grega, onde os mortos mergulham antes de reencarnarem, antes de reencontrarem a vida).
Beijemos, amigos leitores, esqueçamos, pelo menos por um breve momento, todo sofrimento e vamos viver, por um próximo ano mais próspero, por uma vida que se renova a cada contato de lábios, a cada encontro do amor.

Livre

O teu beijo me tira completamente de mim
E aquilo que vejo, meu corpo imóvel, vazio, enfim.
Teus braços me levam
Aonde nada é humano,
Aonde sofrer é profano,
Aonde estou livre,
Livre da carne doente,
Livre da dor que se sente,
Do que pensava que era o viver,
Daquela prisão doentia.
Dia a dia, sofria,
Sentia que a cada passo dado, morria.
Só peço agora a honra de ver meu sofrimento
Aprisionado, apodrecendo,
Senti-lo morto, sentir-me vivendo,
Só então estarei em paz.


quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Retrospectiva dos momentos inteiros: Fragmentos de mim mesmo

Fim de ano, calores de novos tempos, é comum fazermos uma retrospectiva de nosso ano, uma espécie de balanço de nossas vidas (virou até moda no facebook, relembrarmos com fotos nossos melhores momentos de 2012 - engraçado como até nisso o face é intrometido, afinal é ele que seleciona e determina que melhores momentos foram esses rs). Pois eu resolvi fazer diferente: esboço aqui um poema fragmentado, com a retrospectiva não desse ano, mas de momentos de minha vida inteira, momentos estes espalhados pelos versos como cacos que formam o eu lírico engarrafado por boas e más lembranças.
Juntemos nossos cacos, amigos leitores, pra que nos encontremos inteiros no próximo ano!

E
U

Um bebê chorando numa foto sorri
dente
Vários sonhos acor
dados no mesmo leito
Beijos com lábios de a
deus
Beijos com ba
tons de nunca mais
Beijos com brilhos de eter
nidade
Cabelos brancos na almo
fada da nova era
Poeiras mágicas de ou
tras épocas
Olhos castanhos diante do jor
nal cinza
Náufrago em
barco
num iate de hi
atos
de dias após di
a
mais uns milhões de dí
vidas
mas sobre
vivo
pois a poesia vem sem
pre

- Sou fragmentos espalhados numa vida inteira.



segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Solidões compartilhadas: A voz que chama Fabiane de Jesus Campos

Na véspera do Natal do ano passado, fiz um poema em homenagem às comemorações natalinas. Hoje, relembrando o significado sagrado da data (o nascimento de Jesus, filho de Deus), resolvi fazer diferente: hoje compartilho minhas solidões poéticas com a fodástica poeta teresopolitana Fabiane de Jesus Campos, a qual conheci na Oficina de Produção Textual "Novas Letras", que eu dava na EJA (Educação de Jovens e Adultos) no Centro Educacional Roger Malhardes (CEROM). Dona de um dom divino e de uma história de vida de muita luta, dificuldades e vitórias, Fabiane traz, em vários poemas, com forte religiosidade e crença num futuro melhor. 
Nada melhor que ouvirmos os clamores poéticos de Fabiane de Jesus na véspera do dia do nascimento de Jesus.


A voz que me chama

Que voz é essa que ouço?
Que voz é essa tão branda?
Que voz é essa tão calma?

De quem é esta voz que me chama?
De quem é esta voz que ouço me chamar diariamente?

Esta voz é de um homem santo.
Ele é onipresente, onipotente, onisciente.
Ele está presente em todos os lugares.
Ele é Santo, Santo, Santo.
Ele é Deus.

A voz que me chama é de Deus
E Ele está sempre ao nosso lado para nos ajudar

Basta chamar!


   

sábado, 22 de dezembro de 2012

Solidões Compartilhadas: As notas da criação de Gabriel Carvalho


Hoje compartilho, pela primeira vez, minhas solidões poéticas com o fodástico escritor, músico e desenhista (mais fácil seria tentar definir a arte que esse artista não pratica rs)  Gabriel Carvalho, vocalista da banda Black Cult. No oitavo Sarau Solidões Coletivas In Bar, Gabriel me emprestou uma folha com um de seus poemas para eu declamar; me emprestou e eu não devolvi, pois, apesar da timidez do poeta, considero que tais obras não devem viver moribundas em gavetas esquecidas de nossas hesitações – poemas nasceram pra voar para a gaiola liberal dos olhos dos leitores, sem medo dos céus da boca, que os declamarão ou não; os céus não são o limite – são a vertigem desejada, o abrigo ideal dos escritos e contém as línguas que nos unem.
Bem, voltando à apropriação do poema de Gabriel: ao levar a folha pra casa e perceber melhor o verso dela (na hora da declamação, pra mim, só havia a frente da folha, um frio na barriga natural meu toda vez que declamo algo novo e que merece toda minha adoção, o violão do poeta e o público), descobri que não me apropriei apenas de um poema e sim de dois, e se um é bom, dois é muito bom demais!!!
Contrariando a minha proposta inicial, compartilho primeiro o poema que encontrei no verso da folha e não o que eu declamei, somado a alguns desenhos do artista que eu fotografei (o outro poema está devidamente guardado para o próximo aniversário de Álvares de Azevedo, poeta homenageado por Gabriel). Sobre o estilo poético de Gabriel Carvalho, vale ressaltar a preferência pelo gótico e a herança ultrarromântica vinda da admiração pelos versos de Álvares de Azevedo, sua melodia melancólica e o desejo sombrio de deixar de ser sombra (paradoxal, né? Pois o paradoxo beija a poesia assim como o beijo procura os lábios).
Conheçamos o mundo das sombras de Gabriel Carvalho neste início obscuro de verão, amigos leitores, pra que encontremos a luz no escuro, o sol oculto em nossos corações:

As notas da criação

A chuva cai sobre meu violão:
Eu sinto o cheiro da emoção,
Posso ver e posso tocar
AS NOTAS DA CRIAÇÃO.

Acalentar acordes sombrios
E BUSCAR EM DIAS FRIOS OLHOS DE VERÃO
Silenciar a voz DEIXANDO A ALMA BRILHAR
Para que possamos AMAR.

AMAR AS SOMBRAS
QUE SÓ QUEREM DEIXAR
DE SER SOMBRAS...

Desenhos ou poemas sem palavras 
de Gabriel Carvalho











sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Essa invenção de fim de mundo: Traquinagens do menino de Barros


Hoje comemoramos o fim do fim do mundo que nós mesmos inventamos. Nesses momentos, imagino o fodástico poeta mato-grossense Manoel de Barros, que recentemente fez aniversário (fez 96 anos no dia 19 de dezembro), rindo sozinho em sua casa com essas festas do imaginário popular. 
A pedido da professora (e outrora poeta, nos tempos juvenis) Flávia Vargens, o poeta-pateta que vos fala ouviu o pedido dela e aceitou um dos desafios mais difíceis de todos que já recebera: fazer uma homenagem ao fodástico Manoel de Barros que reacendeu a chama de poesia na Literatura Brasileira e demonstrou que o prazo de validade de seus versos só terminam na eternidade. Aproveito a homenagem pra revelar uma inverdade verdadeira: pra mim, esse papo de fim de mundo é mais uma invenção do poeta Manoel de Barros, que de maia só tem os traços poéticos de uma engenhosa farsa literária.

Traquinagens do menino de Barros

O menino de Barros inventou o homem que não inventou mais nada.

Então o menino desinventou o homem e criou o fim do mundo que nunca acaba.

O menino – agora todo no lugar do homem, porque este não valeu nada – passou a criar asteróides em conflitos pacíficos, inventou até profecia dos maias.

O menino agora declara-se homem, engana todos e se consome em delírios assassinos de matar o invisível para se manter vivo.

O menino, batizado Manoel, fingindo de João, mata sete, mata borrão, mata mundo, mata pé de feijão, mata tudo sem sair de casa, sem erguer uma arma.

O menino de Barros – esse ser tão amalucado – mata todo o universo inventado só para dar à morte trabalho de inverdades.

Assim ela fica ocupada, enquanto o menino poeta inventa a eternidade.


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Um minuto para outro fim de mundo: Homenagem ao CPM 22 e à ausência que nos faz sofrer

Cada vez mais o minuto final para mais um fim de mundo se aproxima e isso me faz lembrar daquela canção da banda de rock paulista CPM 22, que já ouvi incessantemente (alguns rockeiros torcem o nariz quando digo isso, mas foda-se, os ouvidos são meus e o prazer que o som da melodia me traz só eles podem me dizer) : "Um minuto para o fim do mundo, / Toda a sua vida em 60 segundos, / Uma volta no ponteiro do relógio pra viver". Lembrar essa música me fez criar um poema com um eu lírico tão em crise quanto o da canção.
Dedico essa nova versão para "Um minuto para o fim do mundo", do CPM 22, aos amigos leitores que ouvem canções de todos os jeitos e sabem o quanto a ausência de alguém nos faz sofrer e aos CPManíacos como minha poeta amiga Clarice Raquel Starling Freire ou Raquel Johns ou seja lá quem ela quer ser nessa véspera de fim de mundo - o importante que sejamos sempre múltiplos e saibamos lidar com o tempo que corre contra nós!


Um minuto para outro fim do mundo

Um minuto para outro fim do mundo
e o ponteiro dos segundos continua a se mover
(não, o tempo não vai se comover
comigo sem você...)...

Sessenta segundos para a falta de ar
(se o ponteiro se mexe,
nem um minuto tenho mais...)...
Agitado no quarto estático
eu não consigo paz
para descansar...

Amar, abraçar, casar, ficar,
ar, ar, ah! tantas palavras com ar
e você escolheu logo o verbo deixar,
me deixar... 

Fecho os olhos, respiro fundo
os últimos segundos do fim do mundo
e o ponteiro completa sua volta
e a vida respira na casa deserta
e nada acaba
nem mesmo cessa essa falta de festa,
e agora o que me resta?

Mais um minuto de outro dia qualquer,
mais uma madrugada a sofrer,
tudo minuto marca o fim de tudo
nesse relógio sem futuro,
nesse ócio sem você...


Solidões compartilhadas de fim do mundo: Às vésperas do fim com João Júnior


No corre-corre para o próximo fim do mundo (é amanhã, agende-se!), compartilho mais um fodástico poema do valenciano João Júnior, vocalista da banda The Black Bullets (em tempo: caso o mundo não acabe, ele vai estar com a Old Brown Band (junto de Cristiano Ferreira Claudio Morgado, Felipe Martins e Renato Nunes) dia 22, sábado, ás 23:30h, no Pesqueiro Do Vitinho, tocando clássicos do rock: Led Zeppelin, Deep Purple, Beatles, Pink Floyd, Dire Straits, Rolling Stones, Creedence e muito mais.
Falo pouco desta vez, pois o poema fala por si só e a vida tem pressa:

ÀS VÉSPERAS

às vésperas do fim do mundo
entregue as vespas, a eternidade
ao invés da espera, a pressa
entre aspas, a vontade

se é dezembro nem se lembra
age como se fosse fevereiro
as flores da pele nascendo
a plenos pulmões gritando
a poucas horas do juízo final
a muitos quilômetros de casa

não há mais futuro
nem juras, nem muro
nem tempo pro sono
nem pras contas de luz ou telefone
só para o abandono
Oh vida, não me abandone

uns seguram rosário
outros saem do armário
uns confessam segredos
outros enfrentam seus medos
uns bebem absinto
outros vomitam o que sentem
uns com sede de sexo
outros com sede de sangue

como um bumerangue numa elipse
as coisas voltam pra você
enfim, não teve apocalipse
então você volta a viver
pra sua casa, suas rotinas, seus tédios
suas doenças, seus remédios
retorna às suas promessas
sem pressa pra cumprir
sempre esse marasmo
hora pra comer e pra dormir
acordar cedo pra trabalhar
acordar cedo pra cuspir
o filho pródigo retorna ao seu cotidiano
as vésperas de só mais um fim de ano.

Sarau Solidões Coletivas In Bar 9: A saideira antes do fim do mundo!


Cantinho do Churrasco, Bairro de Fátima, Valença/RJ, dia 15/12/2012, 19h – Mais um fim de mundo chegando e o Sarau Solidões Coletivas In Bar não poderia deixar de fazer arte antes deste acontecimento, por isso reservamos uma data pra explorarmos liricamente esta ameaçadora data!!!
Cada vez mais coletivo e sem previsão aparente de fim, o Sarau Solidões Coletivas realizou a última edição deste ano, a última antes do previsto fim do mundo (segundo os Maias, o mundo acaba dia 21), no dia 15 de dezembro, às 19h, em novo espaço.
O evento desta vez homenageou o fim do mundo (tema indicado por João Júnior), Paulinho Moska (“meu amor, o que você faria... se o mundo fosse acabar? me diz o que você faria!”), João Cabral de Melo Neto (sugerido por Cíbila Farani), Titãs (os donos dos "Epitáfios" e "O anjo exterminador", adorados por Alex Moraes e temidos por Aquiles Peleios), Rolling Stones (aproveitando ideia de Isadora de Paula) e Pitty/Agridoce (essa homenagem surgiu na hora, no desenvolvimento do sarau).
Abaixo vão os 4 vídeos dessa saideira lírica de 2012:

Neste primeiro vídeo temos: Carlos Brunno S. Barbosa declamando as letras de música “Anjo exterminador” e “Epitáfio”, de Titãs, e “Só o fim”, de Camisa de Vênus; Juliana Guida Maia declamando poema de Mário Quintana; o dueto de Cíbila Farani e Raquel Leal; Patrícia Correa e a sua “Sinestesia”; Gilson Gabriel e sua visão do fim; o dueto de Carlos Brunno e Eddie Mendonça, ao som de Metallica; o stand-up comedy de Ronaldo Brechane; o poema da poetaluna Isabela Silva declamado pelo professor-poeta Carlos Brunno S. Barbosa.


Neste segundo vídeo temos: Carlos Brunno S. Barbosa com seu poema-homenagem aos Titãs (“30 anos em minha cabeça dinossaura”), acompanhado pelo Black Cult; o show acústico do Black Cult, formado por Gabriel Carvalho, Eddie Mendonça e Davi Barros, rolando The Doors, Nirvana, Iron Maiden, Pink Floyd e Metallica, estes dois últimos com participação especial de Cíbila Farani, que, além de cantar com o grupo, declamou “Tecendo a manhã”, de João Cabral de Melo Neto; Carlos Brunno, acompanhado pelos acordes grunges de Davi Barros; Juliana Maia e o poema de Karina Silva, declamado por ela e Carlos Brunno S. Barbosa.

Neste terceiro vídeo, temos: Patrícia declamando poema de Aquiles; Alexsandro Ramos com o seu fodástico poema “Eu apenas ouvi dizer...”; o Grupo Samsara, formado por Karina Silva, Luana Cavalera e Clarice Raquel Starling, fazendo homenagem aos Rolling Stones; o dueto de Juliana Maia Nascimento e Fael Campos; Juliana Guida Maia e Cíbila Farani interpretando, respectivamente, o poema de Nana B. Poetisa e de Alexandre Fonseca; o dueto de Cíbila Farani e Carlos Brunno S. Barbosa numa homenagem à canção “Dançando”, da banda Agridoce, formada por Pitty e Martin; a apresentação sempre fodástica de Fael Campos, do grupo Vibra Ação; Raquel Leal declamando o poema "notas esparsas de rodapé", do mestre Alexandre Fonseca; Carlos Brunno S. Barbosa declamando o poema “Garoto marginal”, de Clarice Raquel. 

Neste quarto vídeo, temos: o dueto lírico de Patrícia Correa e Carlos Brunno declamando poema de Roberto Siqueira; Juliana Guida Maia declamando poema de Clarice Raquel; a estreia musical de Roberto Siqueira dando uma interpretação toda própria ao hit “Me adora”, da Pitty; o dueto de Gilson Gabriel e de Gabriel Carvalho no violão; Raquel Leal brilhando mais uma vez; a homenagem de Carlos Brunno aos mortos e vivos severinos; Cíbila Farani declamando poemas de Aquiles Peleios e de Alexandre Fonseca; Wagner Monteiro declamando poemas e cantando com a sua banda, formada por Kleber Maia e Broa, dois músicos estreantes no sarau; Carlos Brunno acompanhado dos músicos novos no sarau declamando e encerrando o evento com o poema “Fim do fim do mundo”, um dos mais antigos do poeta.  

Solidões compartilhadas do fim do mundo: Isabel Cristina Rodegheri nos revela quando (e para quem) o mundo realmente acaba


Às vésperas de mais um fim do mundo (os maias profetizam que acontecerá no dia 21, os otimistas dizem que esse mundão de Deus nunca acaba, os pessimistas diagnosticam que há muito tempo que esse mundo já se acabou, enquanto o comediante Ronaldinho Brechane, aproveitando cacofonias – expressões escritas cujos sons formam outras palavras trazendo uma significação inesperada e imprópria ao dito, diria: “caba sim, caba são!”), a musa do haicai e cada vez mais poeta múltipla (além de haicais, ela tem nos presenteado com poemas de versos livres fodásticos), a valenciana Isabel Cristina Rodegheri, nos mostra sua visão lírica do fim do mundo. Em versos ricos em lirismo – reparem as anáforas e o transcorrer do tempo do poema - e filosofia, Isabel nos profetiza quem serão as vítimas de mais esse fim de mundo que se aproxima.
Amoleçamos nossos corações para a poesia que Isabel nos encaminha, amigos leitores, amoleçamos logo nossos corações para a poesia, antes do transcorrer da vida, dos anos, antes que seja tarde demais!  

O Fim do Mundo

Quando será o fim do mundo?
Hoje... Amanhã... Quem sabe?
Talvez o fim do mundo já esteja acontecendo
em cada canto, em cada esquina
que se vai dobrando
no transcorrer da vida.

Quando será o fim do mundo?
Hoje... Amanhã... Quem sabe?
Talvez o fim do mundo já esteja acontecendo
nas saudades, desencontros, desilusões,
que se vai deixando pra trás
no transcorrer dos anos.

O fim do mundo talvez já esteja acontecendo
a cada dia, dentro de cada um daqueles
que deixam de correr atrás de seus sonhos,
deixam de lutar pelo que querem realizar,
deixam de buscar a alegria de viver.

O fim do mundo sempre acontecerá
para aqueles que, com seus corações endurecidos,
revoltados, deixam de amar.


quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Solidões compartilhadas de fim de mundo: No chat da Tróia em ruínas com o guerreiro grego Aquiles Peleios


Hoje o novo fim do mundo, marcado pelos antigos maias (dia 21 de dezembro) é lembrado por mim e pelo eterno herói grego Aquiles Peleios. Explico: Aquiles Peleios é um perfil fake (ou seja, falso), usado por algum fodástico poeta no facebook. Usando este heterônimo, um misterioso poeta usa a divindade grega para fazer seus clássicos poemas modernos. Como sou amigo dele no facebook e não tínhamos nada a fazer (ou melhor, não queríamos lembrarmo-nos de outras ocupações), utilizamos o bate-papo da rede social citada para fazermos um poema on line sobre o mais recente fim do mundo (é, amigos, até as divindades gregas se renderam à internet! rs).
Assim aliamos um pouco da minha tradição modernista marginal com o lado moderno clássico-filosófico de Aquiles Peleios e forjamos um diálogo lírico às vésperas do novo fim do mundo. Abaixo compartilho com os leitores o resultado desta inusitada união de loucos eu líricos (e, por que não, também loucos, classicamente loucos poetas). 
As partes em azul (representando a bandeira da Grécia) são de Aquiles Peleios e em verde representa as estrofes do brasileiro poeta pateta que vos fala. Destaco o final maiakovskiano dado pelo poeta Aquiles Peleios, o que acusa que as divindades clássicas pagãs também leem a modernidade com fervor.
Para todos que já viram sua Tróia íntima em ruínas e pediu forças do além para se reerguer:

O diálogo do poeta e do guerreiro
ou não ter o que fazer no fim do mundo

Entre as chamas dessa Tróia destruída,
às vezes me pergunto, Aquiles, qual é o fim da vida?
A seta que envenena o calcanhar
ou saber que a amada traz o derradeiro olhar
o olhar da partida...

Nem um nem outro, mortal poeta
nem o olhar nem a seta
o fim da alma e do mundo
acontece no segundo
em que a esperança é perdida...

Se é este o fim, então condena-me logo, amigo,
pois apesar das chamas que me cercam, meu fogo é mendigo:
há tempos meus sonhos não queimam,
há tempos os delírios não me cercam;
sou filho da batalha falida,
da balada sem melodia,
sou o mais poderoso nas esperanças perdidas
e o que faço, meu deus, abraço a tróia em ruínas?

Não, nobre poeta amigo,
teu fogo nunca foi mendigo,
teu fogo é de Fênix alada,
que renasce na alvorada.
Quando a esperança já dorme
e a ruína do mundo disforme
desespera cada alma,
tua voz se levanta
e trás ao mundo toda calma.

Ah, deus amigo, agora eu vejo tudo:
a poesia está aqui viva nesse fim de mundo
e toda esperança perdida nessa falta de chama
é apenas um lirismo futuro acordando na destruída cama!
Amanheço, amigo, e agora sorrio,
sorrio para o mundo destruído
pois é preciso ver o muro corroído
pra abrir as portas do que precisa ser reconstruído!

Sejas um guerreiro no fim derradeiro!
Poeta perdido em ruínas de um mundo inteiro.
Olhas à frente a cada escombro!
Poetas em pé, ombro a ombro,
com arma em punho e corpos refeitos,
reconstruindo o universo desfeito
com novos conceitos!

Quadro do pintor alemão Johann Georg Trautmann (1713-1769)
sobre a Tróia destruída

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Solidões compartilhadas de fim de mundo: O que Alexsandro Ramos ouviu dizer...


Dando continuidade às notícias poéticas compartilhadas à beira do fim do mundo (segundo os maias, dia 21 de dezembro, acaba tudo), hoje divido com vocês um fodástico poema do grande poeta valenciano Alexsandro Ramos, mais conhecido como Sandrinho da Getúlio Vargas. Com um estilo extremamente lírico, rico em linguagem coloquial e de apurada simplicidade, Alexsandro nos dá sua visão do fim do mundo e de tudo que se ouve dizer por aí.
Para os amigos leitores refletirem sobre o que ouvem dizer dos fofoqueiros de plantão que pouco têm a esclarecer a nossa população.

Eu apenas ouvi dizer

Eu ouvi dizer que o mundo iria acabar,
que tudo ia ser direito, mas notei algo errado,
eu nem sabia que esse mundo tinha sido inventado.

Eu ouvi dizer que o amor andava lado a lado com a paixão,
fui acreditar em tal coisa, magoei meu coração.

Apenas ouvi dizer que era linda a amizade,
mas era sonho, acordei e cai na realidade.

Ouvi dizer que a guerra era coisa passageira,
mas, ao contrário de tudo, se revoltam por bobeira.

Na política, que engraçado, prometeram melhorar,
que o salário iria aumentar, que o Brasil iria crescer,
por favor, não sei de nada, eu apenas ouvi dizer.

Ouvi dizer que foram a lua, até em Marte chegaram,
mas aqui no nosso planeta a fome não enxergaram.

Ouvi dizer que o desmatamento iria de vez acabar,
ja tô quase acreditando, não tem mais onde cortar.

De tudo que ouvi dizer, ainda tenho esperança,
penso em mundo melhor, sem fome e sem miséria,
sem guerra, sem ambição, sem crime e corrupção.

Um mundo bom para mim, que seja bom para você,
mas não me pergunte nada, eu apenas ouvi dizer.....


domingo, 16 de dezembro de 2012

Solidões Coletivas Caninas, Black Cult, Zé Ricardo e Gadernal: Protegendo os animais com música e poesia



Clube dos Democráticos, Valença/RJ, 09 de dezembro de 2012 - Durante o Almoço Beneficente da Associação Valenciana Protetora de Animais (AVPA), os artistas de Valença se reuniram mais uma vez pra trazer arte sem fins lucrativos, pelo bem de uma cidade melhor, com menos animais desprotegidos e cheia de bons fluidos líricos. Participaram do evento a recém-formada banda Samsara, o Gadernal (elétrico e acústico), Zé Ricardo, Black Cult (versão acústica) e Sarau Solidões Coletivas - versão pet pocket (rs).
O vídeo mostra fragmentos do Sarau Solidões Coletivas Caninas, com Carlos Brunno S. Barbosa, Ronaldo Brechane e Isabel Rodegheri; o Black Cult acústico, com Gabriel Carvalho, Davi Barros e Eddie Mendonça; Zé Ricardo com hits de Charlie Brown Jr., Chico Buarque e músicas próprias (relembrando até momentos do Zombiez, banda punk valenciana da qual Zé fez parte); encerrando com Giovanni com o fodástico hit da banda Gadernal "Supercílios" e com a mais recente canção com clipe "Eu não quero mais".

sábado, 15 de dezembro de 2012

Solidões compartilhadas a quatro mãos: "A verdade do fim", de Karina Silva e Raquel Leal


Hoje o blog começa a contagem para o próximo fim do mundo (data atualizada pelos antigos maias: 21 de dezembro!). E se é pro mundo acabar, que ele acabe em música e poesia! E que essa poesia venha de grandes talentos, como Karina Silva e Raquel Leal.
As duas fodásticas poetas, com estilos bastante opostos, resolveram unir suas veias poéticas num único movimento de caos no abstrato, comprovando que forças opostas se atraem e formam um poema fodástico, de acabar com o mundo sem graça que nós vivemos e transformá-lo na mais pura e fantástica obra lírica!  Interessante destacar nas estrofes de Karina Silva a citação de duas canções dos Titãs (“O Anjo Exterminador” e “Epitáfio”. Interessante ver a dança inicialmente melancólica e desesperada de Karina, que Raquel acompanha em suas estrofes, retomada pelos acordes intensos dos versos de Karina, até chegarmos a movimento suave de fim e ressurreição de Raquel Leal. Fodástico demais o poema! O mundo nem acabou direito e as duas poetas já promoveram sua transformação completa!
Para que o leitor melhor compreenda de quem é cada estrofe, coloquei em vermelho os de autoria de Karina Silva e de amarelo os de Raquel Leal (referência à cor do cabelo de cada uma das poetas rs).
Bem, amigos leitores, que comecem os jogos imortais desse fim de mundo que nunca acaba!
Em tempo: as duas fodásticas poetas estarão no Sarau Solidões Coletivas In Bar 9: ENTRE MOSKAS, TITÃS, RIOS SEVERINOS E PEDRAS ROLANDO: AS ÚLTIMAS DOSES LÍRICAS ANTES DO FIM DO MUNDO, que vai rolar nesse sábado, dia 15 de dezembro, a partir das 19h, no Bar e Restaurante Cantinho do Churrasco, na Rua Vitor Hugo, 20, Bairro de Fátima, em Valença/RJ (na descida para a FAA, em frente ao Bar Porão). Venham conferir de perto essa beleza de fim de mundo!

A verdade do fim

Vejo o fim do mundo
dançando a melodia triste do ato final.
Esperança de sonhos sepultada
Com lágrimas e lástimas.

Desgraçada desesperança,
Dança à morte de meu sonho
Num túmulo entreaberto
Com um suspiro preso na garganta...

Ventos pairam sobre epitáfios,
Trazendo um sentimento
Do último segundo ainda vivido.
Solidões incandescentes de realidade
Criam a nova identidade desse caos.

O fim dos tempos anuncia novidades,
Transmutando ventos acordados na eternidade
De um tempo sem fim, sem final aparente,
Que refaz união do canto pungente"

O doloroso som
Desperta quem há muito adormecia,
O ser que já caíra
Retorna com toda a sua ira:
O anjo exterminador desperta!

A dor dançando todo tom da melodia,
Gritando com ironia a desesperança desfeita,
Pela carne ressurgida do túmulo entreaberto,
Libertada pela voz de toda ira,
É o fim dançando a nova lira,
A voz da vida na boca do poeta,
Despertando o fim nosso de cada dia
E renascendo em nós a pontualidade de um fim
Que não há.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Solidões Letivas Compartilhadas: O "Ser professor" de Rafael Silva Barbosa


Hoje, à beira de mais um fim de mundo (agenda aí a nova data, desta vez seguindo os maias: dia 21 de dezembro) e mais um fim de ano letivo (esse sim é certeiro; já vem programado no início do ano), finalmente compartilho um texto que meu irmão, o escritor, professor, roteirista e ator Rafael Silva Barbosa, me passou há tempos.
Escrito num momento extremo de sua vida profissional (como ele era um professor contratado, teve que ceder suas turmas mais queridas a um professor concursado, fato plenamente justo perante a lei e injusto em nossos corações – faz parte da rotina de quem vive na educação sem ser concursado/estatutário, ou seja, visto como dono legítimo da vaga na escola pública), o misto de crônica e prosa poética de Rafael (ele sempre foi fã de gêneros textuais mutantes rs) reflete sobre o ato de ser professor, com uma visão lírica, muito íntima e emocionada (quando esse texto foi lido pelo próprio autor, dedicando a obra lírica ao nono ano para o qual ele lecionava, no Sarau Solidões Coletivas In Bar 6, de setembro deste ano, provocou emoções fortes nos ouvintes, conforme vocês podem conferir no primeiro vídeo do evento, já postado aqui no blog).
Demorei bastante tempo para colocá-lo no blog – quase exatos 3 meses depois – um pouco devido ao caos de minha casa (o texto quase que pulou sobre mim no meio da bagunça generalizada de meu quarto), um pouco devido a mais esse fim de ano letivo no qual nós, professores, passamos e refletimos (talvez, nesse momento intenso, o texto me faça ainda mais sentido) e muito devido à qualidade rara dos textos de meu irmão, que fez aniversário há dois dias atrás, exigindo de mim uma introdução cuidadosa, tentando trazer aos leitores o muito da empolgação que este meu parente dileto direto me passa.
Pensemos na educação hoje, amigos leitores, pra que mais esse fim de mundo passe menos destrutivo e menos ignorante que os fins de mundo anteriores:

Ser professor...

    Ser professor... não por rendimentos... nem por exemplo... muito menos por ostentação... mas por ideologia.
            Sou um professor que anseia todo dia de manhã acordar com vontade de correr para a sala de aula, mesmo que ao chegar lá, muitas vezes tenha vontade de voltar...
            Sou um professor que organiza suas atividades com empolgação de orgasmo, mesmo que o resultado seja decepcionante e me broche.
            Sou um professor que prefere a bagunça à apatia, pois mesmo falando alto e praticando a baderna, esses alunos oferecem sempre os seus mais sinceros pensamentos, enquanto os apáticos vão ouvir muito bem, mas vão sempre se esconder entre a timidez e o desinteresse.
            Sou um professor que busca educar as cabeças pensantes que um dia irão reger o mundo cão... e quem sabe um dia... lhe darão um tom mais sincero, repleto de vida, ideologia e honestidade.
            Sou professor... não por profissão, mas por mim mesmo... e por esperança em dias melhores.



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