domingo, 10 de junho de 2012

Solidões compartilhadas: Apenas palavras de Izabel Pileggi

Hoje compartilho minhas solidões poéticas com a poeta paulista Izabel Pileggi. A escolha de dividir meu espaço virtual com ela hoje se deve por diversas razões: primeiro a jovem poeta de 32 anos se destacou para mim nas redes sociais virtuais por sempre estar divulgando a arte poética (sua e dos outros), segundo - os poemas de Isabel Pileggi são maravilhosos, de um estilo marcante e de um lirismo peculiar que vejo em poucos artistas da contemporaneidade - além de que a artista defende sua preferência sexual com fervor e sem temer represálias (ela é declaradamente lésbica, vive com sua companheira e defende seu estilo de vida com ousadia e contra a homofobia que impera nos dias ignorantes da atualidade, em que precisamos reeducar a humanidade para que ela reaprenda a respeitar o viver coletivo e a arte individual de cada ser social). Em comemoração ao Dia da Língua Portuguesa que coincide com a 16.ª Edição da Parada LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) contra a homofobia em São Paulo, nada mais apropriado que publicar o excelentíssimo poema de uma mestra das palavras declaradamente lésbica como Izabel Pileggi. Nessa primeira participação no blog, ela nos apresenta 'apenas palavras', que, ao contrário do que diz o eu lírico, nos trazem muitos mais que simples frases. Boa leitura!


APENAS PALAVRAS

O que escrevo são apenas letras,
palavras jogadas ao vazio.
Palavras ao tempo distante,
lamentos jogados ao vento,
são só palavras jogadas ao nada,
sem sentimentos,
sem amor , sem dor.
São letras, somente letras.
Não é prosa, nem verso,
nem frases, nem diálogos.
Mas são letras que podem formar palavras...
Palavras? Que palavra
pode escrever no meio do nada?
Então o que escrevo é nada?
Letras jogadas ao nada,
apenas letras sem palavras.

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