sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Já começou mais um Apocalipse Brasil! Dê uma espiadinha...

Após conversa com o poeta Paulo Ras, resolvi rever as principais notícias dos primeiros dias de 2012, esse "novo tempo que começou": prefeito de Nova Friburgo/RJ afastado por desvio de verbas das chuvas, o Estado de Minas Gerais sucumbe diante das ferozes chuvas de janeiro (a cada mudança de ano, novas cidades são violentadas e as outrora atingidas são novamente feridas, por tudo que não se fez no ano que passou), nosso Ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra (possível candidato à prefeitura de Recife; não esqueçam desse promissor cidadão de bem) favorece investimento maior de verbas para Pernambuco ('coincidentemente', o curral eleitoral do famigerado representante de nosso Brasil corrompido), o governo do Chile pretende substituir a expressão "Ditadura Militar" por "Regime Militar" para designar o período sanguinário que seu país foi  obrigatoriamente governado por Pinochet, novo Big Brother na Globo, novo hit de Parangolé no carnaval fora de época da Bahia e Michel Teló "pegando" o mundo inteiro (e pensar que já bastavam as catástrofes naturais). Até hoje, não entendo por que nos preocupamos tanto com o fim do mundo, pois vivemos apocalipses todos os dias do ano, "dançamos no campo minado" - novamente relembro essa expressão de uma canção dos Engenheiros do Hawaí. E como ninguém liga muito pras minhas postagens de poemas sociais (são as que possuem menor índice de visualização no blog - por que será?), resolvi aproveitar o pré-carnaval para indicar o meu "samba-desenredo" pra tocar na nossa maior festividade nacional. O poema que posto hoje é uma homenagem à peça  "Apocalipse Brasil", do grupo teatral valenciano Amor e Arte,  dirigido por Cadu Souza, e ao extinto grupo musical 'punkado' valenciano "The Zombiez", formado, na época, por Fábio Arieira, Zé Ricardo e Felipe Souza (no passado, chamados de Fabinho, Zé Zombie e Felipe Z). O poema abaixo estará em meu próximo livro "Foda-se e outras palavras poéticas", a ser publicado neste ano:


Apoteose
(Samba-desenredo)

“Vamos celebrar a estupidez humana”
Renato Russo, “Perfeição”

Uma pedra no caminho
Eu ando sozinho
Tropeçando no mundo
Caindo em abismos cada vez mais profundos
Eu vivo em conflito
Pisando em cacos de vidro
E a moça quer flores, beijos e versos bonitos
Eu só trago dores, desejos perversos e aflitos
E a moça quer rosas e vinhos
Eu só tenho venenos e espinhos
Bem-vinda, menina, ao imundo da vida
Ao início da corrupção
Ao insólito, à raiz do mal
Um meteoro no país do carnaval
APOCALIPSE BRASIL! APOCALIPSE BRASIL!
Ao precipício, ao canibalismo social
Valores vencidos, zumbis no caos
APOCALIPSE BRASIL! APOCALIPSE BRASIL!
Uma festa é o que nos resta
Uma treva é o que nos espera

Um comentário:

  1. Rapaz, assim como você, vez e sempre sinto o mesmo gosto de fel que você transbordou nesse poema. Sinto o mesmo desespero por ser burra e não poder sugerir uma solução, porém, tenha a mais absoluta certeza, que minhas sugestões ou de qualquer outra pessoa, só poderia surtir efeito se todos estivessem também com a mesma vontade. Entretanto, nem todos atingem ao mesmo tempo essa consciência individual que impele o individuo ao coletivo e bem comum. Resta-nos fazer a nossa parte, gritar sempre, e nãos se afogar no desespero da impotência em alguns momentos.

    Também, eu, grito, gritos silenciosos que só eu ouço, ninguém mais. Mas não me dou por vencida, um dia venço pelo cansaço. rsrsrsr. Quanto a seus poemas sociais, eu adorei esse, contudo, como sou uma analfabeta digital, não sei mexer muito bem nesses tais blogs, levei um tempão pra descobrir como postar no seu blog e em outros, nao sabia que tinha que escolher uma conta do google. Para sua desgraça, descobri esse segredo depois de umas mil tentativas kkkkkkkkkk. Só entro quando voce envia o link e é direcionado especificamente para o texto. quando começo a clicar em outras cantinhos, me perco e não sei mais voltar. Coisa de velha.

    Ah!! Fiquei com pena da menina, será que ela não merece as flores, o vinho, os versos bonitos e os beijos, afinal de contas, se ela ainda quer tudo isso, é porque ja aceitou que as dores, desejos perversos e aflitos fazem parte do pacote.

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