sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Poema noturno: A noite vê o vampiro


Sexta-feira, a noite vem chegando e convocando os seus vampiros, sugados da monotonia de trabalhos exaustivos, ávidos pelo sangue da boemia nas ruas festivas. Em tempos de Festa de Nossa Senhora da Glória, quando todo valenciano busca um pescoço de prazer na noturna e soturna subida da Catedral, posto o poema "A noite vê o vampiro", premiado com segundo lugar no concurso do Fanzine Sombrias Escrituras e publicado no livro "Eu e outras províncias" (2008). Pra ser lido ao som de "El vampiro bajo el sol", de Fito Paez (com participação de Os Paralamas do Sucesso e Brian May, versão do CD "Severino"), "Diversão", dos Titãs, "Todas as noites" e "Belos e malditos", do Capital Inicial, "você e a noite escura", de Lobão, e "Hoje eu quero sair só" (com Lenine ou Renata Arruda como intérpretes):

A noite vê o vampiro


 
Linhas vermelhas, praças vermelhas,

praias vermelhas, cores de sangue

no branco dos olhos,

na palidez da insônia eterna;

o insatisfeito andarilho vem

(ele sempre vem, vem sempre perdido)

em busca de um horizonte vermelho e inacessível.

Nos olhos vazios,
uma lágrima que não cai,

um brilho perecível...

Ama-me cegamente (cega mente).


Nas mãos adormecidas,

ele me oferece rosas vermelhas e murchas.

Têm pétalas de asa ferida,

marcas de uma escuridão que não cicatriza;

são botões de depressão.

Meu andarilho é um morcego humano e perdido

cujos dedos tocam o espinho da flor

e não sangram, não sangram...

Trazem apenas uma dor sem cor, uma dor infinita,

um vento mudo, uma quase brisa...

Seu peito sussurra abatido:

“Calor (só cala...) amor (...frio!)”

Então ele abraça minha lua

na angústia de também tornar-se meu filho

mas não é possível, não é possível... eclipse!

Nos lábios famintos do órfão rejeitado,

nasce um sorriso sem luz, um sorriso triste;

humor negro nos caninos brancos.


              - Meu andarilho é um vampiro de ilusões.


Acima, vídeo exclusivo com a interpretação do poema "A noite vê o vampiro", feita pelo ator Luan Barros e pelo músico Fael Campos, no evento de lançamento do livro "Diários de Solidão", em Rio das Flores/RJ

2 comentários:

  1. ser um é estado de espirito é um prazer,tenho muito orgulho em ser uma vampire,a nossa cultura é uma das mais antigas do mundo.

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  2. Gostei muito, aliás, vampiros são criaturas fascinantes, tornam a escuridão sensual, um perigo convidativo, mexem com nossa imaginação...

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