sábado, 23 de julho de 2011

Poema Quixotesco: Celeiro Dulcinéia



Pra iniciar um poema recente, premiado no Concurso Literário da Academia de Letras de Maringá/PR, homenagem ao eterno "Dom Quixote", de Cervantes, e nossos poemas Dulcineias:

Celeiro Dulcinéia

Evita meu celeiro, triste homem das vontades básicas,
Meus trigos não alimentam tua fome,
São grãos colhidos no solo do lirismo;
Vêm do mundo das ideias, da mente de um sonhador
Que protesta por alimentos reais
Mas só protesta, só, protesta, em vão, pois não te alimenta.
Evita esse meu arroz invisível, colhido na safra da solidão,
Pois minhas composições não enchem teu estômago vazio.
Meu depósito de alimentos não perecíveis é eterno
Mas impróprio para o consumo de teus olhos famintos;
Lamento, escravo senhor, os latifúndios continuam florindo cancerígenos
No solo da ambição desmedida dos homens que pisam em tua campina sem vida,
Enquanto meu armazém só contém produções aquém dos teus anseios.
Para teus desejos cereais, trago um galpão seco de comida,
Poemas, gigantes fingidos, nada mais que meros moinhos de vento...
Procura outro reino, Sancho Pança da realidade rocinante,
Pois este meu celeiro é de um fidalgo errante castigado de ilusão...

2 comentários:

  1. Parabéns que vc continue iluminando a todos com grandes gestos e lindas poesias...Abraços poéticos!

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